Era um domingo como outro qualquer, exceto pelo fato de que eu voltava de uma cansativa viagem. No caminho diversos aborrecimentos. Um calor escaldante, o ar condicionado pifado e para completar o pneu do meu carro furou. Imaginem que sufôco. Foram horas parada numa estrada tentado trocar o pneu. Depois de muita luta e de receber a preciosa ajuda de um motorista que por ali passava consegui chegar até a balsa, na qual eu atreavessaria de Abaetetuba para Belém. Coloquei o meu carro, abri as janelas e liguei o som. Eu estava exausta e totalmente irritada. Chinguei a estrada, o governo e o maldito inventor dos pneus. Depois resolvi olhar a paisagem para ver se me acalmava. Era um final de tarde e o sol começava a se pôr quando passamos em frente à ilha dos papagaios. Que lugar lindo, cheio de beleza e fascinação. Eu comecei a ouvir o canto mágico de centenas de papagaios que pareciam entoar uma canção de ninar. Fiquei parada ouvindo aquele som e olhando para o sol que já se despedia com finos raios a brilhar. Foi um momento mágico. Eu estava diante de uma paisagem que me fez perder a respiração. Fechei os olhos e agradeci ao criador daquela obra perfeita. Neste momento pude entender o significado da palavra perfeição. Acho que por uns segundos chorei, pois senti uma forte emoção.
Logo, logo a raiva passou e eu recuperei o meu humor. Já estava pronta para encarar a segunda feira que chegava.