Coisas de Vestibular
Papel, lápis e borracha em mãos. O que me falta é o assunto. Ah, sim! O assunto. Foi colocado em pauta há cinco minutos atrás, porém estou tão preocupada com a gramática, a norma culta, que nem compreendi a proposta da dissertativa. Me deu um branco neve. Preciso ler novamente, mas nesse momento já estou pensando na nota da prova. Me desfoquei novamente. Silencio, mente! Só um minuto para eu poder pensar na proposta. Revejo minha bagagem literária. Quantos livros e jornais li esse ano. Agora me lembrei que preferi os resumos e os falados da televisão. Como posso argumentar agora se não tenho compreensão sobre o assunto? Colocarei então aqui a opinião comum? Como foi redigido pelo redator do jornal?
Assim já se passaram quase vinte minutos e não escrevi nem a síntese ainda. Deus me ajude que tudo corra bem! Mas não é problema dele minha nota no vestibular e sim minha a responsabilidade e a curiosidade de saber o que acontece ao meu redor. Sem bagagem não tenho como sustentar idéias e redigir vinte linhas de minha opinião de um assunto que não me interessei ao longo de quase um semestre. E eu colocando a culpa no "branco". Que coisa absurda!
Vou me levantar e entregar minha folha em branco. Assim é menos constrangedor do que roubar a idéia de alguém e colocá-la aqui. Estou jogando fora minha hipocrisia, junto com os restos do lápis que o meu apontador tirou com tantas tentativas frustradas de iniciação.