A TRANSCULTURALIDADE DAS COMUNIDADES RIBEIRINHAS
Ao analisar a cultura, percebemos que ela não é algo simples ou homogêneo, pelo contrário, é complexa porque mantêm relações intricadas com a sociedade de que faz parte. Ela é produto dessa sociedade, mas também ajuda a produzi-la, tanto porque está ligada a manutenção de suas formas de organização e de vida, como também esta ligada as transformações destas. Cultura pode referi-se por um lado à cultura dominante e por outro lado a qualquer cultura. No primeiro caso, cultura surge em oposição à selvageria e à barbárie, a cultura então, seria a própria marca da civilização; no segundo caso, pode se falar de cultura a respeito de qualquer povo, nação ou sociedade humana.
Dessa forma, a cultura erudita é sempre associada ás classes dominantes, a idéia de refinamento pessoal e conhecimento erudito. Sua expansão pode ser vista como colonizadora, visto que ela está ligada às instituições como escolas, universidades, academias dentre outras, estabelecimentos aos quais, grande parte da população, não tem acesso a essa forma reconhecida de cultura, daí a exclusão que mantêm as desigualdades na sociedade em benefício de uma minoria privilegiada da população. Esse conhecimento erudito se contrapõe ao conhecimento da maioria da população, considerado inferior, atrasado, primitivo e superado denominado de cultura popular.
Entende-se por cultura popular as manifestações diferentes da cultura dominante, que se encontram fora dos muros das instituições e que existem independentemente delas mesmo sendo sua contemporânea.É importante ressaltar, que a própria elite cultural, da sociedade participante de suas instituições dominantes que desenvolve a concepção de cultura popular, e apesar da cultura popular fazer parte da vida de milhões de pessoas, ela quase sempre está fora da escola e de núcleos de sistematizações prova das desigualdades que marcam a nossa sociedade.
A visão de cultura popular, vista pelos adeptos da cultura erudita como algo inferior e atrasado é uma percepção etnocêntrica, uma vez que um grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados a partir dos valores dominantes e suas concepções do que é a existência. O etnocentrismo pode ser caracterizado por um julgamento de valor, negação e manipulação da cultura do "outro" nos termos da cultura do "eu" e se coloca de forma violenta quando coloca o "outro" como primitivo, algo que deve ser destruído porque o diferente é um atraso ao progresso.
Inajara Amanda