Historieta – Só amando (Capitulo V)...

Assim que Ana Clara chegou em casa a irmã lhe perguntou:

_ Você já vai subir?

_ Sim! Respondeu ela contrariada ao ver que o namorado passava as mãos nas pernas de Cláudia.

Ao subir as escadas deparou-se com a porta do quarto da mãe entreaberta e ao se aproximar viu que a mãe ainda estava acordada.

_ Oi! Filha você voltou rápido. O que houve?

_ Ah, mãe! Vi uma cena horrível lá no hospital. Disse Aninha chorando.

A mãe a abraçou e iria dizer algo quando ouviu uns gritinhos lá em baixo.

_ Espere aqui! Disse dona Julia à filha e vestindo-se desceu as escadas.

Surpreendeu o casal mais a vontade do que deveria e fazendo um barulho anunciou sua chegada a tempo de recomporem-se para evitar constrangimentos extras.

_ Meu filho acho que já está na hora de você ir para casa, não? Perguntou dona Julia com uma cara de poucos amigos.

_ Sim! Eu também acho! Respondeu ele.

E antes que Cláudia protestasse ela disse:

_ Suba para dormir, agora senhorita Claudia.

Claudia sabia que quando a mãe falava assim era melhor obedecer e sem demoras.

Eles se beijaram e dona Julia abriu o portão, ele saiu com o carro, então ela fechou o portão e subiu para atender Ana Clara que ainda lhe esperava no quarto, mas antes passou no quarto de Claudia e lhe disse:

_ Filha o seu corpo é empréstimo divino do qual terá que prestar contas. Sua leviandade na área da sexualidade pode lhe trazer dificuldades amargas no futuro, escute sua mãe! Deus lhe abençoe e lhe dê um pouco de juízo.

Claudia nada respondeu, mas ouviu o que disse a mãe e foi dormir pensando naquilo.

Quando finalmente adentrou o seu aposento viu que Ana Clara dormia, então a cobriu e deitou-se ao seu lado.

Em prece silenciosa rogou a Deus que ajudasse suas filhas a se conduzirem pelo mundo com respeito, amor e dignidade.

Ana Clara assim que adormeceu viu-se em um jardim onde encontrou o pai amado e amigo de todas as horas.

_ Pai! Que felicidade em vê-lo! Quanta saudade de ti! Disse ela ao abraçar o pai.

_ Por que ficou tão triste com o que viu hoje minha filha?

_ Não esperava isso de José!

_ Você sabe que está muito ligada a eles e que deverá ajudá-los. Disse o pai.

_ Não me lembrou! Disse ela chorando.

_ Se lembra sim!

_ Por que José? Tinha sonhos de viver ao lado dele? De formar família?

_ E quem lhe disse que a família é somente as dos laços da consangüinidade ou as das convenções sociais? Eles são teus irmãos e merecem o teu respeito, ou não?

Ana Clara chorava dolorosamente, ela sentia uma dor que não podia naquele momento identificar a origem, mas logo viu se aproximar dela José.

Que também era trazido ali por uma equipe espiritual, para ser atendido e consolado.

Assim que ele se viu diante de Ana Clara e de seu pai caiu de joelhos a chorar. Imediatamente o pai de Ana Clara se aproximou e afagou-lhes os cabelos, dizendo:

_ Meu filho nós entendemos seu sofrimento? Mas solicitamos de você forças para não sucumbir.

_ Ah, senhor! Não sabe o quanto sofro? Até Ana Clara me acha abominável...

_ Não! Disse Ana Clara interrompendo a conversa.

_ Então porque não ficou lá conosco?

_ Porque não consigo entender isso tudo que está acontecendo... E começou a chorar.

_ Ana me perdoa pelo sofrimento que te causo?

_ Quem sou eu para te julgar? E se ajoelhando diante de José apertou-lhe as mãos junto ao peito.

_ O que vai acontecer agora? Perguntou José olhando para o pai de Ana Clara.

_ A misericórdia divina é infinita e acolhe a todos, confiai e aguardai a sucessão dos fatos.

Dona Petrolina também fora trazida para aquele encontro de busca de entendimento, mas estava irascível, praguejava, e falava obscenidades, mas quando se viu diante do pai de Ana Clara caiu de joelhos e gritou:

_ Por que defende esse monstro que destrói minha paz, meu lar e meus sonhos de felicidades... O choro embargou a voz.

Então o pai de Ana Clara se aproximou e afagou os cabelos de Petrolina dizendo:

_ Acalme-se irmã! Acaso esqueceste que deves ao Pai Maior a cota do Amor incondicional, que no passado negastes a estes irmãos? Filha de minha alma não reconheces em Ana Clara o anjo do passado e nestes irmãos os filhos que violastes os corpos e as almas, fazendo-os servos da promiscuidade de outros tempos, agora volta na condição de mãe para amar incondicionalmente aquele a quem mais prejudicou e pelas escolhas que eles fizeram você foi convidada a incluir no seu amor o seu outro filho do passado, que agora é José. Não se lembra de tuas promessas?

_ Não! Quem és tu? E parecendo enlouquecer levanta-se e põe a correr.

A espiritualidade maior solicita então que ela seja conduzida ao corpo carnal.

Após alguns instantes Petrolina desperta em seu quarto aos berros.

Ana Clara dirige-se ao pai e pergunta:

_ Quem é ela?

_ No momento o Senhor não nos permite maiores esclarecimento, mas lembre-se que não há acaso, nem enganos, nem erros nas dores que por hora colhemos.

_ Ela era minha mãe e você minha irmã! Eu me lembro. Disse José. E olhando Ana Clara como se lembrasse de algo mágico beija-lhe as mãos e agradece.

_ Agora é hora de voltarem ao instrumento físico. Disse o pai de Ana Clara.

_ Obrigada papai! Disse ela abraçando o pai.

_ Obrigada senhor Gabriel. Disse José com muita emoção ao segurar as mãos do pai de Ana Clara.

Ana Clara foi conduzida ao corpo por sua mãe dona Julia, que a recebeu das mãos de seu Gabriel seu grande amor, a quem ela disse:

_ Sinto saudades! E tocou-lhe as mãos com as pontas dos dedos.

Gabriel sorriu e mandou-lhe um beijo no ar, num gesto tantas vezes repetido.

Continua...