Cartas em cima da mesa

Cartas em cima da mesa, questão em pauta. Tudo que eu precisava era de um pouco reconhecimento e aceitação.

Já faz longos e longos anos que eu me preocupo com isso, mas finalmente uma conclusão foi bem aceita em minha consciência. Conclusão essa que constrói uma barreira ao meio de duas grandes opiniões que estavam se chocando e fazendo muita pressão em minha jornada da vida. Mas de hoje em diante este conflito chegou ao fim.

Não se pode construir uma mentira em cima de uma verdade sem você saber que é uma mentira em cima de uma verdade. Não há fingimentos que me satisfaçam. Pelo menos para mim.

Há verdade é que existem aspectos em nosso ser, que gostaríamos de mudar ou agir diferente. Muitas heranças genéticas que temos, talvez sejam recebidas por nós com raiva ou muita tristeza, mas infelizmente, ou felizmente, não podemos fazer nada. O máximo em nosso alcance é tentar amenizar, mas eliminar uma coisa que está dentro de nós, nunca.

O que eu me refiro quando escrevo estas palavras são as fases da vida em que passamos a odiar a nós mesmos. Seja no físico, no psicológico, relações sociais etc. Parece que as coisas chegam a tal ponto de até não nos aceitarmos. Começamos então a invejar as qualidades e habilidades dos outros e se somos um pouco mais descontrolado do que a maioria, passamos até mesmo a criticar verbalmente, às vezes em público, tais qualidades e habilidades dos outros. É, isso é um problema e às vezes uma bola de neve.

Mas o interessante é que se observarmos bem no nosso íntimo, passamos a gostar das coisas que antes nos deixava com raiva. Veja por exemplo o caso de uma pessoa tímida. O individuo detesta falar em público, ficar em evidência em alguma reunião social e ser, involuntariamente, o centro das atenções. Mas parece que tais situações o perseguem. Sempre fica com vergonha, sempre fica ansioso, sempre começa a tremer, sempre sente seu coração bater mais forte e sempre algum infeliz fala que ele está vermelho. Parece até um TABU. Mas então, continuando o exemplo, tal indivíduo constrói uma barreira no meio de duas opiniões, no qual eu estava falando no começo desse texto, criando um meio termo perfeito. O que ele pensa? Em qual conclusão ele chega depois de tantos anos de ódio próprio? Veremos. Leia este trecho como um monólogo, como se fosse um problema que você estivesse enfrentando.

“Puxa vida, mais que saco! Só foi eu falar meia dúzia de palavras, pronto, todo mundo começa rir e eu fico vermelho. E ainda aquele animal, para me ajudar, fala alto que eu estou vermelho. Sei lá eu acho que eu tenho algum problema, pra tudo eu fico vermelho, até nas situações que o pessoal esta conversando e rindo junto, eu não posso falar nada que já começo a mudar de cor. Mas eu não fico ansioso, isso que eu não entendo, me sinto até seguro às vezes, é tão involuntário. Acho que eu nasci para ser uma pessoa quieta e não sei. Gostaria de poder controlar melhor a minha mente, igual aquele camarada da escola, ele fala bem pra caramba. Mas eu gosto tanto de rir com os colegas, não gosto de ser quieto. Sinto também que as pessoas gostam da minha companhia, assim como eu gosto da companhia delas. Alguns e algumas falam que fico vermelho, mas acho que não falam por mal, afinal é uma característica minha e bem visível. Acho que vou aplicar aquilo que alguém me falou, não lembro quem, mas era uma frase que dizia que a vida é um palco de teatro e que devíamos rir, ser alegres e aproveitar bastante antes que a peça se acabasse. É deve ser isso do que eu preciso. Sou o que sou.”

Esta é a atitude que as pessoas devem tomar, inclusive eu também, de reconhecer suas características e considerá-las não como um defeito, mas uma identidade, um aspecto da personalidade que torna você você mesmo,ou seja uma pessoa única.

Não temos o poder de mudar geneticamente nem fazer milagres, mas é melhor que seja assim. Pois se pudéssemos fazer isso, estaríamos sendo “Maria vai com as outras” não tendo opinião própria e achando os outros melhores que a gente.

Vamos desafiar a nós mesmos e aceitar o que nós somos, vamos entrar neste palco e expor nosso jeito, nossos pensamentos, nossos sonhos, brincar, ficar vermelho e dar muitas risadas, porque somos únicos e felizmente não podemos mudar nada em nós, porque não queremos mudar.

Tiago TiAgO
Enviado por Tiago TiAgO em 03/11/2010
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