O aborto terapêutico...

Eu sou cardíaca, prótese metálica, depois de cirurgiada Deus me agraciou com mais um filho.

Então veio a proposta do médico:

_ Vamos fazer o aborto terapêutico.

_ O que? Disse eu quase caindo da cadeira.

_ O seu estado é delicado, sua vida corre perigo, a lei te ampara...

_ Que bobagem doutor! Desde quando a lei pode mudar a minha consciência. Se Deus o pôs ai, Deus há de dar um jeito pra ele nascer. Disse eu chorando.

Eu sai do consultório arrasada e então encontrei meu cardiologista e ele me perguntou o que eu tinha e depois de lhe dizer tudo, ele disse:

_ O que deseja fazer?

_ Ter meu filho!

_ Então é isso que faremos!

Eu recebi orações de todos os lugares: da igreja católica, onde um grupo de amigas fazia suas novenas; dos Centros Espíritas que freqüentava; da igreja evangélica, onde meu tio era pastor; da família, de conhecidos – essas eram as jóias espirituais daquele momento de minha jornada.

O salário de meu esposo na época era de 1.800 reais; um mês de injeção que eu tinha que tomar custava 1.800 reais, era uma injeção por dia de 60 reais cada, nós não tínhamos como comprar, por várias vezes me desesperei, chorei, berrei, gritei, esperneei, mas o socorro nunca faltou e amigos começaram a mobilizar-se para ajudar, até que finalmente o governo passou a comprar a medicação, durante uma greve na saúde, o meu médico comprou com seu próprio dinheiro e me deu, fiquei 15 dias internada ao final da gravidez – essas são as jóias materiais daquele momento difícil de minha jornada.

Meu filho nasceu saudável, hoje tem 8 anos... Sempre me questiono se eu tivesse agido diferente como seria minha vida sem ele?

Por isso eu sei que uma mulher pode fugir da lei, da policia, da prisão, mas nunca fugirá de sua consciência.

Um imenso abraço fraterno!