Historieta: A arte de educar... (Capitulo VII)

Antonia liga para o esposo e marca um encontro para conversarem.

Era um jardim público de belas árvores e lindos caminhos emoldurados pelas flores, um verdadeiro festival de cores para os olhos, beleza e mais beleza era o que se vi naquele caminhar e ao longo do caminho caramanchões de flores onde pequenos bancos de madeira se incrustavam entre as flores das muitas plantas floridas da paisagem.

Em um destes bancos Antonia viu seu ex-esposo Cláudio com uma mão a apertar a outra num gesto característico a expressar seu nervoso.

Ao se aproximar viu que ele havia envelhecido e sorrindo lhe disse:

_ Olá! Como vai você?

Neste instante Cláudio levantou-se e estendeu a mão para cumprimentá-la, mas a voz embargou-se diante da visão de sua antiga companheira. Depois de um tempo segurando-lhe a mão finalmente conseguiu proferir um:

_ Oi!

Era visível sua emoção fazia quase quatro anos que eles se viam apenas a distancia, sem se falarem apesar de sempre gritarem um ao outro um cumprimento, ele levava a filha até o prédio da ex-esposa, mas jamais subia, ela fazia o mesmo ao devolver a jovem para a sua companhia, ela jamais ia de encontro a ele.

_ Eu te chamei para conversarmos aqui porque foi aqui que nos vimos pela primeira vez, lembra-se? Perguntou Antonia.

_ Como não lembrar! Você passou por mim carregada de livros, seus cabelos estavam voando ao vento e você tropeçou e derrubou tudo no chão. Então olhei e pensei Deus está querendo me dizer algo e corri pra te ajudar e me apresentar. Você sorriu e agradeceu e eu então tive que carregar os livros pra você, me desviar de meu caminho, esperar sua aula terminar e te conduzir até em casa.

Antonia riu e ele também. O sorriso franco desarmou as ultimas resistências que possuíam.

_ Cláudio por que nos separamos? Perguntou ela direta e sem rodeios.

_ Acho que porque não conversamos.

_ Podemos começar a conversar agora? Disse ela chorando.

_ O que houve com você?

_ Comecei a vencer o meu orgulho e a entender melhor quem sou e o que fiz e por que fiz...

_ Antonia eu nunca tive ninguém desde que você resolveu pedir o divorcio, mas o que isso significa agora de verdade?

_ Significa que eu quero recomeçar reconquistar você, nossa filha a minha família... Quando o Andrei suicidou e li o seu diário eu vi o que ele escreveu sobre mim e eu não tive coragem pra admitir que perdi meu filho por descuido meu, Alexa me pediu socorro e eu não ouvi, sabe o que ele me disse no aeroporto que se eu o amasse eu não iria a Paris, mas eu fui, ele então entendeu que eu não o amava, eu não soube trabalhar essa dor no meu filho, esse engano, eu o amava, mas eu era muito egoísta para admitir isso para aquele moleque de 16 anos...

As lágrimas banhavam a face e o coração de Antonia suavizando finalmente sua dor. Cláudio também chorava e agora envolvia Antonia em seus braços aconchegando sua cabeça sobre o seu peito.

_ Eu também tive minha parcela de responsabilidade fui omisso com relação a você, poderia ter tido o que sentia de forma clara. Podia ter apoiado sua decisão de ir a Paris e ter levado a família inteira pra te acompanhar nem que fosse por apenas um mês. Andrei foi o que mais sentiu sua falta no inicio ele falava de você todo o dia, de como era inteligente, pois você havia sido escolhida entre 100 outras pessoas, como você era linda e como você fazia falta, eu deveria ter lido a tristeza de nosso filho e tem mandado ele junto com você, mas eu estava lá e ele só sentia a sua ausência acho que eu também senti orgulho e o meu estava ferido...

Antonia o abraçou e perguntou:

_ Por que não pudemos ver?

_ Acho que porque não estávamos prontos, éramos como os homens das escrituras que “tendo olhos de ver não vêem e tendo ouvidos para ouvir, não escutam”, mas agora estamos prontos e acredito que Deus nos deseja dar uma nova oportunidade, pois Alexa precisa de nós, ela anda triste com o fim de seu namoro parece que os jovens de hoje se jogam de cabeça nas coisas e depois ficam despedaçados sem saber como reagir diante dos “não” que a vida nos dá.

_ Só os jovens de hoje? Perguntou ela sorrindo.

_ Antonia posso lhe perguntar uma coisa?

_ Sim!

_ Você quer casar comigo de novo e me ajudar a terminar de criar nosso tesouro? Disse ele segurando a mão de Antonia e sentindo que suas mãos tremiam.

_ Eu nunca me separei de você, eu apenas estive ausente de sua casa, mas você sempre foi um morador permanente em meu coração e sempre tive muito medo de ver você com outra pessoa e saber que eu tinha sido finalmente derrotada.

_ O mesmo medo que te fazia sofrer me fazia sofrer também, pois nunca deixei de amá-la. Que anjo te fez me querer de novo?

_ Deveria perguntar que anjo me despertou, pois nunca deixei de querê-lo!

_ Quem foi?

_ Uma aluna, uma mulher que abriu mão da sua carreira para estar em casa cuidando do filho com síndrome de down. Foi ela quem me disse se ama seu marido vai buscá-lo.

_ Eu preciso conhecer esse anjo e agradecer muito! Amo-te!

_ Eu também!

Cláudio abraçou Antonia e a beijou, num beijo saudoso, cujo tempo não conseguiu faze-lo esquecer de seu sabor.

Recomeçava ali um novo enamorar-se. Depois de algumas semanas Antonia já estava de volta a velha casa, casaram-se novamente com a presença de alguns amigos, como Pedro e Ana e seus filhos.

Continua...