Historieta: Mais uma emoção... (Capitulo III)

Assim que o juiz foi anunciado todos ficaram de pé em sinal de respeito ao magistrado.

Logo que se sentou começou a falar com seu José em tom agressivo.

_ Então é o senhor que espanca crianças! O senhor não tem vergonha de fazer algo monstruoso assim?

Diante daquelas palavras seu José ficou sem ação e sem fala, suas filhas começaram a chorar e os presentes que haviam vindo para o julgamento conhecendo os detalhes daquele caso ficaram perplexos.

Seu José de tão feliz com a certeza de que o filho seria tratado havia trazido até uma pequena mala com roupas do menino para encaminhá-lo para a tal clinica.

O juiz então continuou o seu sermão:

_ É uma vergonha que um homem de sua idade haja dessa forma cruel e desumana, sem respeito a vida, a dignidade do ser...

Foi ai que o advogado presente interrompeu o juiz para fazer-lhe um pedido.

_ Excelência! O senhor poderia permitir minha aproximação?

_ Por que razão? Perguntou o juiz.

_ Porque eu sou o advogado de seu José. Disse o advogado e professor de direito ao se aproximar e mostrando a carteirinha da ordem dos advogados, que o identificavam como tal.

_ Por que o senhor não se sentou junto de seu cliente, acaso não sabia qual era seu lugar?

_ Excelência! Não me sentei ao lado de seu José por que ele não está aqui na condição de réu, mas na condição de um cidadão que solicita sua ajuda e confiante na promessa feita pelo delegado de que seu filho receberia de Vossa Excelência uma especial atenção.

_ Como? Perguntou o juiz.

_ Considero que sua excelência deva ter perdido parte do processo, pois a forma como “Vossa Excelência” tratou seu José até o momento só pode demonstrar que vossa excelência não leu o processo, é evidente que isso só poderia ocorrer mediante a ausência das folhas complementares, onde constam os depoimentos de seu José e as assinaturas de mais de 20 vizinhos, que confirmaram cada palavra de sua história. Disse o advogado de forma a não ferir o orgulho do magistrado em questão.

Esse então chamou sua assessora e lhe perguntou ao ouvido sobre o conteúdo do caso:

_ Esse é aquele caso que lhe contei ontem durante o vosso almoço. Foi o que disse a assessora sem muito cuidado com o sigilo.

O juiz vendo-se exposto aos olhos do velho advogado, disse em voz grossa:

_ Estão faltando folhas no processo que você me entregou!

E a funcionária meia sem jeito falou:

_ Não senhor! Elas estão todas aí! Deixe-me mostrar-lhe.

E o juiz esbravejou:

_ Caso estivessem aqui eu as teria lido!

E o advogado percebendo que a funcionária diria algo mais, ele faz-lhe um sinal para que fique quieta.

_ Pois bem! Já que não tive acesso ao processo completo o senhor tem permissão para contar-me sua historia.

Assim que seu José chegou na parte onde ele havia aplicado duas cintadas no filho, o juiz bradou:

_ Isso é crime! Nós teremos que tirar do senhor a tutela desse menino!

_ O que? Disse seu José sem entender nada.

_ A guarda, terei que encaminha-lo a um abrigo.

Todos ficaram boquiabertos diante da postura tresloucada do juiz.

Continua...