Historieta: Trinta dias para amar... (Capitulo VI)
Logo que Pedro chegou deparou-se com o filho a porta e com alguns familiares a ampará-lo.
_ O que houve? Disse ele segurando o imenso buquê de flores.
_ É Ana! Disse a cunhada.
E entrando apressado Pedro se depara com Ana deitada na cama, com um semblante angelical e sereno.
Ela estava morta!
Não havia nada a fazer.
_ Mas como? Perguntava ele atônito.
_ Ela estava com câncer e há seis meses começamos o tratamento mais ela não resistiu. Disse Marina à amiga de Ana.
_ Mas ela não me disse nada? Por quê?
_ Não quis incomodá-lo. Mas ela lhe deixou uma carta e pediu para que eu lhe desse.
Pedro sentou-se na cama ao lado do corpo da esposa depois de fechar a porta e solicitar a todos alguns minutos a sós com a esposa. Abriu a carta e leu-a.
“Pedro, eu amo-te profundamente, ontem você me disse que desejava a separação.”
Pedro lembrou da noite em que ela não dormirá e continuou lendo.
“Pensei muito e pedi a Deus socorro para enfrentar mais está prova, então resolvi não lhe falar da doença e para poupar a dor de uma separação para o nosso filho resolvi lhe pedir um tempo para que você se afastasse de mim, então me veio à mente: 30 dias! Por isso lhe fiz as duas exigências.”
Pedro chorou e depois de alguns minutos continuou lendo.
“Percebi depois de alguns dias que eu também havia me separado de você e assumido outra relação: a doença!”
“Eu fui egoísta, pois mesmo depois de tanto tempo eu senti medo, duvidei de seu amor por mim, deixei que ela dormisse entre nós, a doença foi a minha amante todo esse tempo, não existe numa relação um único culpado, éramos uno, mas permitimos que algo nos separasse.”
Pedro para mais uma vez e chora.
“Durante todos esses dias eu me alegrei ao vê-lo como o grande amor de minha vida, nosso reencontro me proporcionou paz, espero que você também esteja em paz e lembre-se não há nada para culpar-se, estávamos fazendo uma caminhada e durante o caminho encontramos os obstáculos e vencemos cada um deles.”
“Nosso filho vai precisar muito de você e se no futuro desejar reconstruir sua vida a faça, pois você ainda está na jornada, escolha alguém que lhe fale ao coração e ame-a!”
Pedro pergunta em voz alta:
_ Não me ama? E depois de alguns minutos continua a leitura e como mágica a resposta se apresenta nas linhas seguintes.
“Eu amo você, mas compreendo agora que não o possuo que você é livre, tão livre que eu tenho que partir mesmo quando não desejo e não posso levar comigo todos os que eu amo, nem mesmo meu corpo.”
“Descobri que o amor nos liberta e o seu me libertou desse cativeiro de carne, não podes imaginar quanto bem me fizeste ao aceitar meus pedidos e ao me conduzir todos os dias em seus braços. Eu me despedia de você e a cada dia tudo se me tornava mais leve.”
Nova interrupção, nova crise de choro, pois Pedro lembrava-se do havia escrito no cartão para entregar a ela.
_ Por que Deus não me deu mais tempo? Perguntava ele agora em voz alta.
_ Havia tantas coisas que eu gostaria de dizer-te... E o choro o fizera parar novamente. Mas uma vez a resposta se apresentava.
“Não culpe Deus por nada, lhe seja grato pela oportunidade de reencontro e pelo tempo de felicidade que guardamos no arquivo de nossas memórias. Deus foi o meu grande consolo nesses dias difíceis e lembre-se vou estar de esperando num futuro mais distante no imenso azul do céu.”
Pedro riu, pois Ana sabia que ele não acreditava em céu, mas de repente aquilo se fez uma verdade consoladora e ele então disse baixinho a si mesmo:
_ Serei tão bom que Deus não há de recusar minha entrada nesse jardim!
Pedro guardou a carta sem ler as próximas páginas, pois amigos e parentes batiam a porta, ansiosos e entre as vozes estava a de seu filho a implorar:
_ Papai abra, por favor!
Pedro beijou o rosto da esposa, suas mãos agora frias, levantou-se e abriu a porta.
_ Está tudo bem! Disse ele abraçando o filho.
Tudo fora providenciado: velório e enterro.
Emoção, lágrimas, música suave, preces e a benção do padre amigo da família, os abraços, o suavizar da dor que se amenizava a cada dia.
Continua...