Historieta: Trinta dias para amar... (Capitulo I)

Ana e Pedro já estavam casados há 15 anos, mas naquela noite enquanto ela arrumava a mesa para o jantar dos dois, ele a segurou pela mão e lhe disse:

_ Preciso lhe falar!

Ela sentou-se e recolheu-se em profundo silêncio. Cabeça baixa, coração em prece.

Pedro vendo a cena perdeu a coragem de dizer-lhe o que queria durante o jantar.

Depois de terminada a refeição ele enchendo-se de coragem e disse-lhe:

_ Eu quero o divórcio!

Ela suspirou profundamente e lhe perguntou:

_ Por quê?

Ele não podia dizer-lhe a verdade: que naquele momento o seu coração já pertencia à outra.

Uma dor imensa envolve-a, adentrou o quarto e vislumbrou as rugas em sua face, o corpo esquio quase esquelético que o marido há muitos meses não tocava, sentiu o coração pulsar em descompasso e caindo sobre a cama chorou silenciosamente.

Pedro ficou sentado a sala sentindo pena da mulher que vivera com ele longos anos, que fora a sua namorada no colegial, que se tornara a mãe de seu único filho, que agora sofria por causa dele.

Depois de longas horas de choro ela voltou à sala onde Pedro ainda se encontrava sentado escrevendo os termos da separação e exigiu dele a verdade e ele então lhe disse em alto e bom som o que estava acontecendo e ela quebrou os pratos e copos que estavam sobre a mesa.

Agora ele se sentia mais aliviado perante sua consciência, pois ela estava louca.

No dia seguinte deixou os termos do divórcio sobre a mesa antes de sair de casa.

Fora generoso, pois lhe deixava o carro, a casa e uma gorda pensão para ela e o filho.

Ana leu a proposta enquanto ele anunciava para a amante que o primeiro passo já havia sido dado e os dois comemoraram.

Naquela noite ao retornar para casa ele a encontrou escrevendo sentada à mesa da sala, nenhuma palavra foi dita, sequer ela lhe dirigiu o olhar. Ele então se dirigiu para o quarto, onde buscou o sono reparador, acordou ao amanhecer do dia e percebeu que a esposa não havia se deitado para dormir.

Assim que saiu ela lhe chamou e lhe disse:

_ Desejo lhe falar!

_ Diga! Disse ele sentando-se diante dela.

_ Passei a noite a refletir e vou lhe impor duas condições para lhe dar o divórcio de forma amigável, sem qualquer problema, eu não desejo absolutamente nada para mim: o carro, a casa, a pensão, tudo pode ficar para você ou para nosso filho se você assim preferir, pois não preciso de nada disso...

_ Mas o que deseja? Perguntou Pedro ansioso.

_ Desejo que você não conte ao nosso filho nada sobre o divórcio, pois ele fará uma prova em breve e é muito importante que ele se centre nos estudos.

_ E o que mais?

_ Que durante trinta dias você me leve nos braços do quarto até a sala e após o café da sala para a porta da rua. Se você concordar em trinta dias eu assino os papéis do divórcio e você estará livre para seguir sua vida.

_ Tudo bem! Eu faço! Disse Pedro contrariado mais feliz, pois não teria que enfrentar nenhum problema.

Assim que saiu foi à casa da amante e lhe contou sobre as exigências da mulher e ela riu, debochou dizendo:

_ Ela é doida se pensa que esse ritual vai fazer você voltar para ela.

_ É! Disse ele.

_ Cada doida que aparece! Disse a amante em tom de ironia.

Continua...