Historieta: Realizando sonhos (7ª parte)...

Enquanto isso no quarto seu Manuel sentiu um desespero profundo, pois se via naquele momento como o agente causador daquela dor, pedia a Deus em rogativa sincera que se Ele a mantivesse viva e bem ele se afastaria dela.

_ Manuel... Balbuciou ela.

_ Estou cá minha senhora.

_ Como veio parar aqui? Quis saber dona Carlota.

_ Sua filha mandou-me chamar.

_ Por quê?

_ Porque queimava de febre há dois dias e durante esse tempo chamava por mim, quando o médico a examinou disse que deveria ser saudades do marido. E então ele disse que o único jeito de melhorar era que seu marido Manuel viesse vê-la... Perdoe-me a brincadeira! Disse ele ao perceber que ela voltava a chorar.

_ Manuel que Deus me perdoe, mas amo você! Minha dor não se deve ao respeito que deveria eu sentir pelo meu esposo, mas sim pelo sentimento que lhe tenho e que não deveria ter.

_ Senhora aceite meu convite e case-se comigo! Disse Manuel se esquecendo da promessa que acabará de fazer a Deus.

_ Não seria digno, nem possível, pois sou casada pela santa igreja, com as bênçãos de Deus, e tenho uma filha que amo e pela qual eu morreria. Não podemos ultrapassar o limite que já traçamos anteriormente... As lágrimas interrompem a fala.

Manuel que segurava a mão de Carlota, ajoelhado a beira da cama agora chorava um choro convulsivo, quando Maria Francisca adentrou no quarto foi esse quadro doloroso que viu.

Depois de alguns minutos de silêncio, onde em prece silenciosa erguia a Deus o pensamento em busca da compreensão necessária para com aqueles irmãos que estavam caídos diante de si em dolorosa prova, ouvia as palavras de amor que um dirigia ao outro, bem como o chamamento de sua mãe para o cumprimento de seus deveres, e fazendo um barulho para que pudesse ser notada a sua chegada ao quarto dando lhes à oportunidade de se recomporem.

_ Senhor Manuel vejo que sua amizade sincera por minha mãe a fez melhorar como o médico disse. Disse a menina moça amenizando as dores daqueles corações.

_ Acho que ela já está ótima. Disse ele levantando-se e soltando sua mão.

Maria Francisca leu a dor nos olhos de sua mãe e então sugeriu:

_ Senhor, quero pedir-lhe um favor...

_ Qual? Disse ele ansioso.

_ Que venha nos visitar diariamente no fim do dia para que possamos conversar.

Maria Francisca desejava com isso fortalecer a mãe para que o sofrimento não há fizesse sucumbir, pois nunca a virá tão debilitada e temia por sua vida.

_ Eu virei! Disse Manuel com as esperanças renovadas.

Despediram-se com a promessa de se verem no dia seguinte.

Assim que Manuel partiu dona Carlota chamou a filha e começou dizendo:

_ Minha filha quero que saiba que eu não a desonrei, nem desonrei seu pai.

_ Eu sei mamãe.

_ Mas eu devo dizer-lhe que amo profundamente este senhor que daqui saiu... As lágrimas interromperam a confissão.

_ Eu sei minha mamãe. Disse a filha chorando.

_ Então por que o convidou para vir aqui? Acaso deseja me testar?

_ Não! Jamais... Só que ao vê-la tão triste... Tive medo de perdê-la para sempre... E desaba ao pé da cama aos prantos.

_ Perdoe-me! Pedia a mãe.

E elas se deixaram ficar abraçadas, juntinhas até que o sono as alcançasse.

Continua...