Historieta: Realizando sonhos (4ª parte)...

No seu quarto de posse de papel e tinta traçou uma sentida missiva para o esposo, pedindo permissão para voltar e no dia seguinte solicitou a José que a enviasse.

Passado alguns dias saiu novamente em companhia dos seus, mas encontrando seu Manuel e sentindo-se constrangida pelos seus sentimentos, passou a esquivar-se dos passeios, pois assim que se via na rua, lá estava ele a lhe assediar.

E ela sentindo-se culpada pelos sentimentos indevidos resolver manter-se em casa, protegida de qualquer assédio.

O tempo passou e num belo dia chegou duas cartas, uma era de seu esposo Augusto e a outra de sua irmã Adelaide, pelos laços do coração, visto que ela era filha única e sozinha, pois seus pais já haviam partido desse mundo.

Abriu rapidamente a de Augusto para saber qual seria sua decisão. Na carta estava escrito assim:

Carlota!

“Quem tu pensas que és? Para esbanjar assim meu dinheiro, lembre-se que esse é o sonho de nossa filha, que você diz amar, será? Seu retorno causaria grande sofrimento a nossa filha. Fique feliz por estar junto dela, e não me peça para voltar antes do prazo!..."

Boas Festas para vocês!

Ps.: Não misture suas más vontades com o desejo de nossa filha!

Augusto.

Carlota chorou diante da indiferença do marido ao seu sofrimento.

Depois de um tempo pegou a carta da amiga e irmã do coração Adelaide para que esta a consolasse, então começou a lê-la.

A carta dizia mais ou menos assim:

Cara irmã e amiga Maria

Francisca Carlota!

“Que esta te encontre em paz e feliz! Em terras brasileiras tudo vai bem, inclusive o imperador, mas a razão que me leva a escrever-te são os rumores que procedem de teu lar. Histórias que correm a boca miúda de que Augusto anda em festa na companhia de sua criada Justina.”

“O que me leva a te contar tão dura situação é o pedido que devo te fazer para que retomes o controle de teu lar: Volte logo minha amiga, pois a tua presença de mulher nobre sempre há de impedir essa devassidão!”

“Tenho ido a tua casa em companhia de Carlos para ver se o amigo o traz de volta a razão, mas os comentários continuam a se avolumar por toda a parte.”

“Sei que posso tudo dizer-lhe, sem que isso a ofenda, portanto lhe peço: Se não há nada que a prenda neste país retorne o mais rápido possível para que possa salvar o teu casamento!”

De tua irmã que te

Ama muito

Adelaide!

Ps.: Estamos com muitas saudades de vocês!

Agora Carlota entendia porque Augusto fazia questão de mantê-la longe.

_ Quem ele pensa que é, me desonrando assim? Falava ela sozinha no quarto em voz alta.

Percebendo o seu estado de exaltação e desejando chorar a vontade, guardou as cartas e saiu para dar uma volta pela Quinta.

Continua...