Historieta: Realizando sonhos (1ª parte)...

O ano é 1850! É um bom ano e seu Augusto vai realizar o sonho da filha Maria Francisca, como a mãe.

Maria Francisca deseja conhecer a Europa em especial a Terra de sua mãe, que se chama Maria Francisca Carlota – portuguesa de nascimento, mas brasileira de coração.

Dona Carlota como é chamada por todos deverá partir em breves dias em um navio rumo a Portugal, onde deverá permanecer por um ano mais ou menos, leva consigo dois criados de pele clara, pois a Europa já não vi com tão bons olhos os negros.

Os dois criados são: José e Maria, que não se cabiam em si de tamanha felicidade por irem conhecer as luzas terras de Portugal. Eles iriam atravessar o oceano, conhecer a terra dos descobridores e seriam os responsáveis pela patroa e pela menina, que era a jóia dos olhos de seu Augusto.

Tudo acertado dona Carlota se despediu de todos na fazenda, abraçou suas escravas, olhou os campos, seus animais de estimação e por fim contemplou o céu do cruzeiro e as lágrimas rolaram grossas por sua face branca como a neve.

_ Que é isso Carlota! Até parece que não vai mais voltar! Exclamou seu Augusto meio rude.

_ É que sentirei imensas saudades de tudo e de todos... Disse ela chorando.

_ Oh! Mamãe se a faz sofrer essa viagem não vamos! Disse Maria Francisca chegando e abraçando a mãe.

_ Imagina! Isso é só bobagem de sua mãe! As passagens já estão compradas e a casa onde ficaram já foi alugada por um ano.

_ Um ano? Perguntou Carlota algo entristecida.

_ Um ano papai não é muito tempo?

_ Passará tão rápido que acabaram me exigindo mais. Vamos que a carruagem nos espera.

Na carruagem a filha sentou-se ao lado do pai e lhe disse:

_ Eu te amo papai! Não se esqueça de nós.

_ Oh, minha filha! Jamais poderei esquecer-te, pois és o meu maior tesouro. E beijou-lhe a destra.

Dona Carlota era uma alma dócil, gentil, humana e refinada; seus sentimentos eram nobres, respeitava seu esposo, e vivia desejando que ele a amasse como ela o amava.

Seu Augusto era rude, grosseiro, duro, seus sentimentos era carnais apenas, gostava de dona Carlota, mas desejava que ela partisse para que ele pudesse entreter-se com certa criada.

Augusto, porém possuía um amor profundo pela filha, por ela era capaz de mover céus e terras, havia melhorado muito nos últimos anos em função da salutar influencia que a filha exercia sobre ele.

Dona Carlota alegrava-se de ter gerado uma criatura tão doce e linda como era Maria Francisca, por isso enxugava as lágrimas e guardava para si todas as mágoas que tinha do marido.

Maria Francisca por sua vez ama seus pais e assim partia feliz ao lado da mãe e de seus dois amigos e confidentes: José e Maria.

Assim que adentraram ao navio foram informadas que os seus aposentos estavam prontos e que Maria e José deveriam se dirigir ao andar inferior do navio, onde deveriam permanecer até o final da viagem. Logo, porém Maria Francisca conseguiu permissão para que Maria ficasse no quarto com ela alegando para isso que era incapaz de se vestir sem a ajuda da criada.

Maria exultou de felicidade, pois iria viajar na primeira classe.

José ficou feliz, pois assim poderia ficar só numa cabine, onde só cabia um leito que era afixado a parede. E mesmo não sendo casado com Maria deveria dividir com ela o quarto, sendo ele muito respeitador certamente que lhe sobraria o chão.

E assim partiam rumo a Europa os heróis dessa história. Maria e José com os seus sonhos de estarem juntos daquelas almas queridas; dona Carlota com sua tristeza e certa melancolia que lhe anunciava uma despedida forçada das belas terras brasileiras, mas feliz em acompanhar a filha na realização de seu sonho. E Maria Francisca que sentia um encanto, quase como um chamamento para seguir em direção a essa terra que lhe era muito querida por ser berço de sua amadíssima mãe.

Continua...