Historieta: Encontro Casual (2ª parte)...
_ Meu Deus! Por que estou aqui presa com você neste elevador? Perguntou Ana Alice em voz alta.
_ Não sei! Mas por que perguntas?
_ Por que tudo tem uma razão de ser, não existe acaso na vida.
_ Então me responda, por que veio morar em São Paulo?
_ Por amor!
_ Ah! Então você ama alguém, quem é o sortudo?
_ Ele é meu amigo de infância, nós crescemos juntos e os pais dele resolveram manda-lo para cá, para estudar direito.
_ E daí?
_ Fiquei doente assim que ele partiu, contei para os meus pais que eu o amava e se eles me deixariam vir para SP, atrás dele.
_ E eles deixaram?
_ Sim! Pois esse era o único jeito.
_ Mas como? Você está sozinha aqui sem ninguém para te proteger? Disse Sérgio.
_ Eu não estou só. Eu estou com Deus, e Ele me protege sempre!
_ Você veio atrás dele, mas não está com ele por quê? Perguntou Sérgio intrigado.
_ Bem! Eu não tive coragem de dizer para ele que eu o amo!
_ Por quê? Perguntou Sérgio.
_ Um dia eu sai mais cedo do serviço e fui até o apartamento dele, mas quando cheguei lá, havia uma jovem semi-nua...
_ E daí? Perguntou Sérgio interrompendo-a.
_ Não basta eu gostar dele, para dar certo é preciso que os dois se gostem.
_ E ele não gosta de você? Ele é cego, pois você é linda? Disse Sérgio espontaneamente.
_ O amor não tem nada haver com a beleza física, com o corpo, o amor é um encontro de almas. Você ama o sorriso, a inteligência, as virtudes, o ser como um todo, por isso é que quando um engorda o outro não sai para procurar outra ou outro, porque ama mais que um corpo.
Sérgio ficou olhando para ela e estava encantado com sua beleza, mas principalmente com sua inteligência, sua argumentação lógica, com o seu olhar amoroso, indignado, lindo que parecia penetrar sua alma.
_ Sabia que já é noite lá fora. Você está com fome? Perguntou Sérgio.
_ Estou com sede. Respondeu ela.
_ Você desistiu dele?
_ Não!
_ Então você vai dar um jeito para vocês ficarem juntos?
_ Não!
_ Então o que você vai fazer?
_ Não sei! Agora eu sei que ele não me ama e que tem outra, e que deve amá-la, e eu não posso me impor a isso. Não seria justo com a outra.
_ Você devia contar para ele. Disse Sérgio meio triste.
_ Para que? Para fazê-lo ter dó de mim ou sofrer como no dia em que eu estive lá no apartamento dele.
_ O que aconteceu? Quis saber Sergio.
_ Eu chorei! Porque doeu tanto, ele correu atrás de mim para saber o que tinha acontecido, eu disse qualquer coisa só para me afastar. Ele disse que o que eu precisasse ele faria por mim, qualquer coisa. E então eu disse que era o trabalho, pedi desculpas porque havia atrapalhado a sua noite.
_ E aí?
_ Ele disse que eu era como uma irmã, que ele me amava muito e beijou o meu rosto. E eu chorei ainda mais.
_ Por que não foi embora?
_ Porque eu quis ficar por perto, mesmo que fosse para ficar longe dele. Ele aparece lá na loja, conversa comigo, me abraça e faz meu coração disparar...
_ Você é boba! Se você contasse para ele, com certeza vocês iriam transar.
_ Você não entende, não é? Eu não quero transar com ele.
_ Então o que você quer “fazer amor” com ele? Disse Sérgio ironizando.
_ A gente não faz amor, o amor existe simplesmente, a gente compartilha emoções, sensações, sentimentos. Você acha que tudo se resume a carne? O amor emana de Deus, nós nos envolvemos nele, você não pode fazer algo que se quer possui. Deixe para lá! Você não entende e eu talvez sequer consiga explicar.
Então o silencio se fez.
Continua...