Cap. XXXVI O Poder do Perdão: Os desígnios do Pai
Alfred para na cidade próxima e vê um templo aberto e ouve a pregação de um velho senhor.
Depois do termino do culto aproxima-se do senhor e lhe pergunta para quem este falava uma vez que o salão se encontrava vazio.
_ Ah! Meu jovem, falo para quem quiser ouvir. Faço a minha parte. E você o que faz aqui?
_ Eu o ouvia.
_ Então deve ser o único em quase cinco anos.
_ Não acredito que ninguém venha lhe ouvir as mensagens cristãs. O povo dessa cidade acaso freqüenta outra igreja?
_ Quem os dera estivessem buscando a Deus com outro pastor, isso seria uma benção!
_ Então por que não vêem aqui?
_ Você deve ser o único na cidade que não sabe, e deve ser por isso que foi capaz de ouvir a mensagem do Cristo sem confundi-la com o pecado do orador.
_ Conte-me! Então essa história. Ajeitando-se numa cadeira Alfred olhou para ele com toda a atenção.
E como a muito tempo ninguém o ouvia Hart sentia vontade de falar mesmo que depois aquele jovem o repelisse igual a todos os demais. E assim deu um suspiro profundo e começou a narra a sua história.
_ Há uns cinco anos atrás salvei uma moça do bordel, mas misteriosamente ela desapareceu e assim madame Antoniete passou a dizer a todos que eu há havia matado.
_ Como é o seu nome, senhor?
_ Hart.
_ Hart! Exclamou Alfred se lembrando do pedido de Eleanor. Sentindo neste momento que ali estava à causa de seu branqueado. Com o coração descompassado pede ao sr. Hart se poderia fazer uma pregação naquela noite.
_ Se conheceis os evangelhos, faça! Mas duvido que alguém venha ouvi-lo. Desculpe-me pela sinceridade. Diz Hart meio sem jeito.
_Eu tenho certeza que poderemos dar um jeito nisso. Poderemos anunciar que esta noite haverá um novo orador e nem que seja pela curiosidade eles viram. O que acha da minha idéia.
_ Por que deseja tanto falar aqui para esse povo?
_ Por causa de uma promessa. Se o senhor me ajudar a fazer a minha pregação eu prometo que lhe ajudarei a restituir a sua honra.
_ O que sabe que eu não sei?
_ O senhor saberá hoje à noite posso contar com sua ajuda para poder cumprir minha promessa.
_ Sim! Se você conseguir trazer esse povo aqui eu vou lhe ajudar. Diz Hart.
_ Posso lhe perguntar mais uma coisa o que ocorreu com o senhor depois da calunia feita por essa senhora.
_ Perdi minha esposa, que de tanto a perseguirem na rua não resistiu e morreu de desgosto.
_ É a calunia costuma manchar a nossa vida igual nódoa em nossas vestes, dependendo da mancha não sai nunca.
Ao anoitecer, o salão estava lotado com a novidade de que um novo pastor falaria ali.
Feita às preces da noite se apresentou aquela comunidade um jovem de aparência bem cuidada e fala serena, o que conteve o ímpeto do povo de se retirar do salão.
_ “Deus que tudo vê, achou justo que hoje um irmão recebesse uma graça. Um jovem perguntou ao rabi como poderia deter a calunia e ele fitando-o nos olhos lhe disse que a calunia era como praga de gafanhotos que depois de lançados ao vento seguiam devastadores em todas as direções. Que o melhor era jamais lançar mão da calunia para ofendermos quem quer que fosse”. Alfred fez sentida pausa como a rememorar a história que iria contar.
E com um profundo suspiro começou a narrar à história de Eleanor e Anne Marie, dizendo assim:
_ Um homem deu suas filhas para um falso padre leva-las para um convento, no meio do caminho este homem parou em um bordel, onde vendeu as duas jovens...
Nesse instante houve um borburim e todos olhavam para Guido e Antoniete, pois percebia que aquela história pertencia a eles, fez se em seguida um silêncio sofrível.
Continuou Alfred.
_...Um dos homens comprou, usou e matou uma das jovens e o outro homem comprou a jovem no intuído de salvá-la, depois de levá-la para o quarto disse-lhe para que pulasse a janela, montasse em seu cavalo branco de correntes brilhantes e seguisse até o rio para fugir, e assim ela fez desceu pela janela, montou o cavalo e partiu, no meio do caminho encontrou um homem que arrastava um corpo no susto caiu e foi puxada pelo cavalo até ser socorrida por dois amigos. Alfred fez uma pausa esperando que os que estavam ali se acalmassem, pois o choro era geral entre as mulheres e os homens crivavam o olhar sobre Guido e Antoniete, que algum tempo viviam como marido e mulher.
Após alguns minutos recomeçou.
_ A jovem que encontrei viva contou a mim e a meu amigo o que ocorrerá. Ele interrompeu mais uma vez diante do testemunho que ele prestava agora, com lágrimas nos olhos.
E continuou.
_ Ela morrerá em meus braços, pedindo para que eu agradecesse a um certo senhor Hart, que hoje além de agradecer posso confirmar que ele é um homem muito honesto, honrado e digno de confiança...
Neste instante Guido e Antoniete saem correndo do salão e Juliete se levanta e diz que tudo o que o pastor falou era verdade e que madame lhe havia proibido de disser, mas ela vira a moça sendo libertada pelo senhor Hart aquela noite, por que ela estava lá.
O senhor Hart se encontrava em lágrimas diante de tudo o que ouvira e ao se levantar rendeu graças a Senhor. Que lhe permitira viver para ver o seu nome limpo novamente.
Alfred e Hart se abraçaram em um longo abraço fraterno e cheio de carinho e amizade, que unia a ambos naquele instante de dor.
O xerife buscou prender Guido e Antoniete, mas estes já se encontravam longe dali.
Depois da pregação todos vêem abraçar e se desculpar com o sr. Hart, Alfred então encontra uma ótima oportunidade para sair do salão sem ser visto e assim o faz.
O sr. Hart busca encontrar o jovem do qual não sabe nem o nome e vê com profunda tristeza que o cavalo que trouxe o seu amigo e anjo protetor já havia partido.
Alfred sai meditando sobre a bondade e justiça divina que possibilitou a ele restituir a honra de um homem.
Depois de longa cavalgada, para, para descansar na beira de um córrego, cata uns gravetos e ascende uma fogueira. Então ele lembra se da carta e ao lê-la descobre que tem que ir até a fazenda. Era Gerald quem o chamava, além disso, era muito difícil viver sem ninguém.
Ao amanhecer, Alfred segue em direção a fazenda. As lembranças de sua vida passam diante de seus olhos, rememorara cada dia de alegria e sente como se todos os entes queridos estivessem ao seu lado.
No caminho encontra um grupo de negros, que moram em uma pequena vila, com um monte de casinhas de precária condição envolta de um templo de madeira que em nada lembra a capela do convento de onde ele saiu.
Vê que todos o cumprimentam, ele retribui os cumprimentos o que causa grande espanto naquelas pessoas que estavam tão acostumadas a serem maltratadas.
Em seu pensamento Alfred achava que o lugar era ótimo para ele morar, e assim esporeou o cavalo para que pudesse estar o mais rápido possível na fazenda, para que pudesse voltar, pois sentia que ali era o seu lugar.
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A verdade sempre ver a tona. A Misericórdia Divina se expressa em cada momento de nossas vidas, saibamos ouvir os murmúrios da Vontade de Deus.