Cap. XXXIII O Poder do Perdão: A chegada do falso Padre
Esse missionário chegou e cativou a todos com o seu jeito simples e alegre de conversar.
Com o passar dos dias, semanas e meses Gerald sentiu confiante para pedir ao padre que levasse as meninas para o convento.
Anne Marie sentia calafrios todas as vezes que se encontrava com padre Guido pela casa.
Eleanor sempre procurava amenizar a antipatia sentida por Anne Marie e dizia sempre a mesma frase:
_ Ele é um servo do senhor!
_ Não sei não! Há algo de estranho nesse padre. Não sei o que é, mas tudo que ele fala me soa falso, mentiroso.
_ Não diga blasfêmia! Isso é pecado!
E assim os dias se seguiram até que Gerald tivesse a coragem para disser às meninas o que pretendia. Assim que o jantar terminou Gerald chamou as meninas para o escritório. As duas se entreolharam como a perguntar uma a outra o que haviam feito de errado.
_ Meninas a fim de que vocês estudem e tenham uma formação religiosa eu vou enviar vocês com padre Guido até um convento, onde receberam instrução e todas as férias vocês estarão aqui conosco.
_ Por que vai nos mandar para longe acaso não gosta mais de nós? Perguntou Anne Marie, que começava a chorar.
_ Não diga isso! Exclamou Eleanor.
_ É claro que eu gosto vocês são tudo que eu tenho, mas eu quero que vocês estudem se casem bem, e... Gerald começou a chorar, pois pela primeira vez se dava conta de que realmente amava aquelas meninas, mas temendo um dia cometer uma besteira visto que a cada dia elas se tornavam mais parecidas com a mãe. Isso o tortura.
_ Nós compreendemos, mas gostaríamos de estudar aqui mesmo na fazenda...
_ Isso não seria possível! Interrompeu Gerald antes que Eleanor concluísse temendo fraquejar. Está decidido e vocês seguiram amanhã pela manhã com padre Guido peçam a Justine que arrume as suas coisas.
Não podendo contrariar as duas meninas soluçam ao abraçar Gerald antes de disser que o amam como a um pai e saem do escritório em lágrimas. Justine que já sabia de tudo tenta consola-las.
Eleanor pensa em Reymond e sente o seu coração doer, Anne Marie se revolta e fica muito brava com sua mãe por tê-las deixado daquele jeito e chora copiosamente.
Eleanor a deixa com Justine e sai para contar a Reymond o que está acontecendo, ao entrar no estábulo encontra os dois meninos conversando com Sam, que havia acabado de contar o que achava que tinha ocorrido com Joseph Porter, os dois meninos estavam indignados com Gerald e com sua monstruosidade. De repente são interrompidos pela presença de Eleanor, que conta a Reymond para onde ela vai pela manhã em companhia do padre Guido e no final da conversa ela diz “que sempre o levara com ela”. E Reymond lhe dá um beijo na face e ela sorri e parte.
No quarto Justine já esta com tudo arrumado, as duas meninas choram silenciosamente durante toda a noite.
No outro quarto Gerald sofre e sente vontade não deixa-las ir, mas pensa que assim poderá se fortalecer e não cometer nenhuma besteira para com as meninas, as palavras de Gina lhe perturbam a mente, ela lhe garantiu que tudo lhe seria tomado e que a solidão e o remorso seriam seus únicos amigos no final de sua existência, mas se ele conseguisse mande-las longe dele por um tempo para que assim ele pudesse pensar sobre tudo que ocorrera nos últimos tempos o fim dele poderia ser bem diferente.
Guido no quarto de hospede já imaginava quanto ganharia por cada uma das meninas no bordel de Antoniete, que ficava a duas cidades da fazenda. Com certeza com o dinheiro daria para ele ficar um bom tempo sem trabalhar poderia até dar uma volta pelo litoral, quem sabe até se estabelecer.
No estábulo os meninos combinavam para raptar as meninas no trajeto entre a fazenda e o convento. Depois eles contariam a elas toda a verdade e daí com certeza elas não iriam querer voltar para a fazenda muito menos para junto de Gerald.
Sam que observava a conversação dos dois meninos resolveu deixa-los dormir mais do que de costume, e eles estavam dormindo quando o Padre Guido e as duas meninas partiram sozinhas. Sam presenciou a cena, as meninas choravam e pediam a Gerald que se desvencilhou de ambas e subiu as escadas para que elas não o vissem chorar também, para Sam que observava tudo interpretou esse gesto como indiferença.
Assim que as meninas partiram e todos entraram, inclusive Justine que era quem mais chorava, Sam adentrou o celeiro, onde os meninos despertos estavam desesperados selando os cavalos para irem atrás do padre e das meninas.
_ O que estão fazendo?
_ Vamos atrás das meninas e vamos contar-lhes toda a verdade sobre o pai delas e vamos sumir no mundo com elas.
_ Vocês estão ficando doidos? O patrão vai mandar correr o mundo atrás de vocês...
_ Para isso contamos com a sua ajuda. Dê-nos cobertura, diga que não sabe onde estamos quem sabe ninguém volte para avisá-lo que as meninas não chegaram ao convento.
Sam tentou impedi-los, mas quando percebeu que eles não desistiriam deixou-os partir.
Os meninos seguiram o rastro da carroça do padre, perderam o rastro ao entrarem na primeira cidade, mas logo encontraram um senhor que havia visto uma carroça com um homem e duas meninas-moças seguindo em direção a próxima cidade.
Essa informação deixou os meninos apreensivos, pois a missão religiosa ficava para o outro lado.
Os meninos apertaram o passo mais haviam perdido muito tempo na cidade.
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Nossas escolhas sempre nos levam aos caminhos de nossos destinos e resgates. Não há como fugir a Lei, mas sempre somos convidados a mudar de caminhos, escolhendo assim novos destinos.