Cap. XIV O Poder do Perdão: A morte de Dona Lourdes

Todos estavam muito felizes. Carlos era o mais maravilhado, pois sua esposa era linda e amorosa e o fazia tão feliz tê-la em sua companhia, que pouco se importava com os pedidos da mãe que sempre o lembrava, que a verdade um dia iria surgir e que ele ainda iria sofrer muito mais, por isso seria bom que ele fizesse o que era certo, mas Carlos nem ligava.

Em alguns meses dona Lourdes caiu doente e Júlia não media esforços para tentar aliviar o seu sofrimento, porém dona Lourdes não reclamara, apenas pedia a Deus que a morte não se tardasse muito, pois morrer já era triste e de câncer piorou, dizia sempre sorrindo.

O pequeno Lucas vinha pouco ao quarto, pois o cheiro era forte, porque as feridas já se abriam para fora, mostrando a todos a condição frágil da roupagem carnal, que veste o espírito.

Mas quando o pequeno aparecia era um colírio, um balsamo para os olhos da avó, que via na presença do pequeno uma benção de Deus.

Júlia virava a noite nos dias de crises lendo o evangelho, até que um dia dona Lourdes, pediu para que buscasse o livro que Ângela deu a Clara. E Júlia leu emocionada a página, que tratava do reconhecimento do verdadeiro cristão e dona Lourdes sente que falta com a verdade, mas passando em revista a sua vida percebe que acertou mais que errou e em prece fervorosa e silenciosa pede a Deus que tenha dó de seu filho e que o ajude a restabelecer a verdade, sorri para Júlia, que a fita com os olhos marejados e pede para que ela compreenda o amor de seu filho, nesse instante Carlos entra no quarto e abraça a mãe percebendo, que esses são os seus instantes finais.

_ Meu filho! A verdade há sempre de prevalecer, lembre-se da recomendação de Jesus a nos orientar neste sentido.

_ Minha filha! Diz a moribunda segurando-lhe a mão.

_ Perdoe o meu filho, pois ele a ama demais, e nunca foi capaz de renunciar a este amor...

_ Ainda bem! Diz Júlia interrompendo o esforço da sogra.

Ela então sorri para ambos, arregala os olhos como se visse além, senta-se à cama e estende os braços em direção do nada e diz:

_ Rodolfo vieste me buscar! E deixando cair sobre a cama o corpo já apodrecido, a alma vai ao encontro do companheiro, que lhe ampara e seguem juntos em direção do infinito.

Carlos e Júlia atônitos abraçam-se e se despedem da mãe, amiga e sogra por razão das circunstancias.

Após o sepultamento, Carlos ficou se sentindo só, e a cada momento se lembrava do que a mãe lhe pedia: a verdade, mas sentia-se sem forças para revela-la.

Com o passar dos dias a casa foi se normalizado, e todos foram voltando à vida.

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A verdade nunca fica oculta e toda a mentira é motivo de sofrimento a colher no hoje ou no amanhã.