Cap. VIII do Livro O Poder do Perdão: O telefonema
Camila estava pronta, estava com tanta raiva da cunhada, como poderia ter esnobado-a daquele jeito, pediria satisfação ao irmão.
Camila pegou o telefone e ligou para o irmão, que a atendeu com um tom triste de voz, que a desarmou.
_Como vão todos por ai? Perguntou Camila a fim de descobrir a razão daquela tristeza.
_Oh! Minha irmã uma tragédia se abateu sobre nós, Ângela desapareceu sem deixar pistas, achamos as coisas dela jogada ao lado do carro, a polícia não consegue nenhuma prova, nenhum indicio de nada e não sabe o que aconteceu... Neste momento a fala se interrompe e o que se ouve e só o choro de Álvaro.
_Meu irmão! Chegarei amanhã cedo, talvez eu possa te ajudar. Naquele momento Camila compreendeu que ela não poderia falar de seu encontro com a cunhada pelo telefone. Isso ela falaria pessoalmente.
Ao desligar o telefone Camila começou a imaginar como desprezível era a sua cunhada, que sempre fora tida como um anjo, e que agora ela teria a oportunidade de desmascarar.
Camila deu vazão aos mais desprezíveis pensamentos ao longo da viagem. Logo pela manhã desembarcou no aeroporto e sem mais demoras chegou na casa do irmão, onde fora recebida pelas sobrinhas, pelas quais Camila tinha um certo carinho. O mesmo carinho que a fez conversar reservadamente com Álvaro.
_Meu irmão o que vou lhe dizer, vai fazer você sofrer ainda mais.
_O que é? Diga logo! Exclamou Álvaro.
_ Eu vi Ângela ontem no Shopping, em São Paulo.
_ O que? Disse Álvaro agarrando a irmã pelos braços.
_ É verdade! É verdade!
_ Conte-me tudo pausadamente.
_ Eu fui ao Shopping e a vi de longe, então quando tive certeza que era ela me aproximei e a cumprimentei, ela me tratou com frieza. Quando perguntei como estavam todos. Ela me respondeu que bem, como não se mostrou amistosa eu me despedi e me afastei. Sai muito chateada, pois afinal de contas vocês nunca foram a São Paulo para ficar em hotel, vocês sempre ficaram em minha casa. Por isso ligue para brigar...
_Então ela não sumiu, ela não foi raptada, ela não está morta, ela me abandonou e abandonou as crianças, que ela dizia ser as coisas que ela mais amava neste mundo. No coração de Álvaro os sentimentos se invertiam de dor e amor para raiva e ódio. (Que nada mais é que o amor adoecido).
_Mas, se ela o deixou, por que ela o fez, sem uma separação, sem partilha de bens? Você sabe que ela sempre dizia, que não iria deixar nada para você gastar com outras.
_Não sei. Respondeu Álvaro, que se lembrava agora do caso que tivera com a secretaria, mas ela não teria como saber daquilo e depois foi um único deslize em sua vida inteira de casado. E depois, fora uma única noite. Na qual ele estava bêbado, pois sóbrio não teria feito nada, mas ela não sabia e se ela não sabia, com certeza ela o abandonou ou fugiu com outro lhe deixando o farto da responsabilidade, ela era com certeza leviana e culpada aos seus olhos.
_Temos que avisar a polícia do meu encontro com Ângela.
_É, temos!
O policial responsável pela investigação do caso de Ângela era o delegado Magalhães, que ao ser informado do encontro da cunhada com Ângela em São Paulo, buscou verificar as listas de passageiros, que embarcaram desde o dia de seu sumiço até aquela data. Não encontraram nenhuma Ângela na lista, mas uma jovem que trabalhava no aeroporto informou que está moça havia estado no aeroporto, pois ela a reconheceu, mas como não sabia de onde, passou batido, só no dia seguinte, com a foto dela estampada na capa de todos os jornais e com os colegas comentando o caso, foi que ela se lembrou de onde havia visto aquele rosto antes.
Liguei para a polícia, pois havia um telefone para dar informações, mais ninguém me levou a sério, “pois já havia muitas ligações, como a minha”, disse-me o moço, que me atendeu.
Uma coisa fica clara para o delegado não era rapto. Com certeza ela havia partido, mas ai havia alguma coisa muito errada, pois essa atitude não batia em nada com o que os familiares afirmavam. O que havia acontecido, ainda parecia um mistério, pelo menos para o delegado, por que Álvaro estava disposto a aceitar a sua nova condição de largado.
Para as filhas Álvaro e Camila concordaram em contar, que Ângela estava desaparecida, e que a eles só bastavam orar e esperar.
Com o passar dos dias Álvaro se enfiava no trabalho, buscando esquecer a sua dor. E cada vez mais nervoso e mais irritado se tornava, abandonou o Centro Espírita que freqüentava e onde Ângela trabalhara como evangelizadora infantil todos esses anos em que estiveram juntos.
Ana sonhava com a mãe todas as noites e Susan se revoltava com Deus, pois nem o prazer de se encontrar com a mãe nos sonhos lhe era permitido.
Susan sentia uma tristeza crescente em seu peito, uma dor, uma saudade imensa de sua mãe, que ela tanto amava.
Camila foi ficando, até que se viu tomando conta da casa para o irmão e como as coisas não estavam boas em São Paulo, ela resolveu vender as coisas lá e aplicar o dinheiro, e aproveitar da generosidade do irmão, que não era pouca, uma vez que a sua situação financeira era estável.
E assim seguiram se os dias.