A caminhada contrária
Diabetes. Parkinson. Alzheimer. Inúmeras eram as doenças chamadas “incuráveis” até a década passada. Pesquisas realizadas com células-tronco provaram-nas capazes de regenerar específicos tecidos do corpo humano, o que acabou por produzir uma crescente polêmica na medicina brasileira. Até que ponto pode o homem utilizar a genética em favor da vida? De fato, o conflito que se criou põe em jogo a credibilidade de médicos, Igreja e Estado.
Primeiramente, é preciso analisar que as medidas tomadas pelo promotor Carlos Fonteles – impedindo a ação médica – barraram os avanços nas pesquisas científicas. Ao iniciar o debate de onde se inicia a vida, gerou-se uma polêmica desnecessária, uma vez que muitas famílias ficaram no aguardo da morte.
Nisso, é preciso atentar às instituições de alto poder influenciativo que mostraram-se contrárias. A Igreja, por exemplo, ao desaprovar o uso de células-tronco, acaba por alimentar esse impasse. Tal atitude constitui um retrocesso do pensamente racional, uma vez que certas proibições, com a não-transfusão de sangue para Testemunhas de Jeová, acarreta no falecimento de diversos fiéis, apenas no intuito de reforçar um dogma eclesiástico.
Contudo, é essencial que aplaudamos a reação governamental. Defender febrilmente a problemática da vida e suspender as chances de recuperação de pacientes terminais constitui uma saída estúpida nos dias atuais. Abrindo centros para desenvolver as pesquisas genéticas, o estado tomou a razão, ignorando as discussões acerca do assunto.
É indiscutível, portanto, que a liberação das pesquisas com células-tronco é uma medida necessária, uma vez que as crescentes mortes pelas doenças degenerativas não aguardam decisões judiciais para atacar. E, infelizmente, para se ter um Brasil com olhos no futuro é urgente abrirmos mão da nossa herança colonial que é o grosseiro retrocesso científico.