ENTORNAR III
Entornar III
Não sabia que tinha os pés chatos. Fui ao arquitecto. Ele assegurou-me que a culpa era das algas com que me penteei! Depois de secas o sal floriu que nem chumbo nos meus ombros…
Ainda mais, agora que estou grávida de netos, acho que eram 14, mas a Tera decidiu que eram demais…Rasgou seis…E a minha barriga ficou num oito…
Sou eu que vou parir os gémeos dela, todos num aquário de haicais; cai que não cais… se não for dentro, vou pendurá-los nas paredes do esquecimento.
Queria ver aquelas vinhas todas cheias de ciúme, a gemer vinhos verdes de raiva! Iam logo aparecer os sapos, os grilos e os carrapatos de pau em punho e o Tusta de batuta na mão a fazê-los dançar ao compasso do rio, montanha acima.
Assim as lavras seriam do melhor, expurgadas de todas as palavras ocas!
Mas o plágio é um crime horrendo e a minha pena já está suspensa!
E os pés chatos que não me deixam fugir!
(Aqui a Tera e o Tusta seriam as minhas vítimas plagiadas; mas só porque os admiro - Beijinhos)