Entornar II
Sou eu o soneto original.
Em lençóis brancos me torço em figuras sobrepostas, enrosco-me nas sílabas bem contadas, cruzo-me nas rimas e faço amor com os vates bailarinos.
Em lençóis brancos nascem-me netos. Só. Catorze, sempre.
Será por isso que há so-ne-to? Aquela, a refastelada bem queria que eu lhe fizesse um filho. Qual quê? Nem filho nem neto. Comigo, primeiro, há que dançar o tango do desfalecimento! E ela é só descompasso de luar!
- Querias herdeiro, é? Vai-te catar!
Ela, já estéril de palavras, verde de raiva e de ciúmes, meteu o rabo entre as pernas e foi-se esconder debaixo da anatomásia.
Mas esta era falsa, e tão torta, que se lhe viam os pés chatos…
Ainda me estou a rir daqui!
Não sabia dançar, nem soube fingir!
Ela? Inculpada! Condenada!