A lagarta Ema: Guardiã da luz

Parte I

Era uma vez, uma pequenina lagarta que sonhava em ser uma bela borboleta lilás, seu nome era Ema, e apesar de passar boa parte do tempo solitária em seu casulo ela se considerava um ser feliz pois sua imaginação lhe permitia viajar para vários lugares.

Embora fosse pequenina os sonhos de Ema superava as expectativas de seus poucos amigos. Ela não pensava em se tornar uma borboleta qualquer, seu diferencial seria ter um poder para ajudar as pessoas e a natureza, para que ambas convivessem de forma harmoniosa. Para isso Ema planejava formar um exército do bem, não somente de borboletas, mas também com outras espécies de animais, principalmente com os que tinham o dom de voar, porque assim como ela, eles teriam mais facilidade de descobrir as necessidades das pessoas e do meio em que vivem, e juntos pensariam em planos de ação para ajudá-las.

Contudo, isto é apenas um sonho, e Ema terá que ter paciência para realizá-lo, até lá é preciso viver bem sua vida de lagarta, mesmo porque, ela tem consciência de que precisa passar por todas as fases antes de transformar-se em borboleta, pois isso é o que fará dela mais forte, determinada e capaz. Afinal dias difíceis virão, mas ela saberá que já não estará tão sozinha, seu criador prometeu estar com ela em todos os momentos, e esta certeza deixava Ema cada vez mais confiante de seu propósito, contribuir para um mundo mais livre e bom para todos.

Parte II

A pequena Ema continuava a sonhar com sua vida fora do casulo, certa manhã ao sentir os primeiros raios de sol por entre a folhagem, ela percebeu algo diferente, o casulo parecia estar um pouco mais apertado, sim ela havia crescido um pouco mais, e isso era motivo de muita alegria pois significava que logo suas asinhas começariam a surgir.

Ema não se continha de tanta felicidade, então resolveu fazer uma comemoração. Ela pediu ao seu amigo louva-Deus que convidasse os demais para um almoço especial, cada um deveria trazer algo para partilhar, assim ela já teria a oportunidade de contar alguns de seus planos, para que já fossem se organizando, Ema não queria perder tempo, sua vida de borboleta guardiã deveria iniciar o quanto antes.

E assim foi feito. Ao meio dia lá estavam todos os convidados, borboletas dos reinos mais próximos, as joaninhas, as libélulas, os louva-deus, as abelhas e algumas espécies de pássaros, como o pica-pau, as araras, periquitos, pombos, entre outros. Eles comeram e conversaram sobre suas ultimas aventuras pela floresta, e por volta das 13:30 da tarde, Ema chamou a atenção dos presentes para que prestassem atenção no que ela iria falar, todos estavam curiosos o que ela tinha de tão importante para dizer.

Após concluir a exposição de seus projetos, onde um deles seria despertar os sentimentos dos humanos, levando-os a refletir sobre as causas e consequências de suas ações sejam elas boas ou ruins, para si e para o próximo, um zum-zum tomou conta do ambiente, alguns não entenderam muito bem o objetivo de Ema, agacharam que era tudo muito ilusório, já outros que certamente guardavam os mesmos sentimentos e desejos que Ema no coração, ficaram felizes por terem encontrado alguém com ideais semelhantes e disposta a concretizá-los. Ema ouviu todas as opiniões e sugestões e se sentiu segura de sua missão. Encerrada a reunião cada um se dirigiu à suas casas.

Parte III

Alguns dias após à reunião, Ema se sentiu um pouco diferente, como se algo de errado estivesse acontecendo em sua metamorfose, isso porque duas de suas amigas que estavam no mesmo processo e com o mesmo tempo que ela, já haviam se libertado do casulo e eram duas belas borboletas de cores vivas e radiantes.

Apesar de estar feliz por elas, Ema parecia preocupada, aparentemente ela estava bem, sua forma estava... – Espera! O que é isto? Oh, minhas asas estão coladas uma na outra!? É por isso que não me desprendi. Suas amigas tentaram lhe acalmar e à pedido de Ema foram chamar a borboleta rainha na esperança dela encontrar uma solução para o problema, e assim que ela chegou percebeu o que estava acontecendo e lhes disse: – Ema algum sentimento está impedindo a separação de suas asas, você precisar identificá-lo o quanto antes, caso contrario não terás muito tempo de vida.

Enquanto a rainha falava, os olhos de Ema se enchiam de lagrimas e uma gota escorreu por suas asas coladas e sem que ela percebesse, as asas começaram a se deslizar, e o casulo a se quebrar, ao escutar os estalos foi então que Ema se deu conta do que estava acontecendo, a sua tão sonhada liberdade. O sentimento era a TRISTEZA, o único que Ema ainda não havia sentido em sua metamorfose e a borboleta rainha disse-lhe: – Ema você é um ser divino cheia de bons sentimentos, entretanto você estava sufocando a tristeza, e ela também necessita se expressar de vez em quando. Ao identificar o problema eu sabia exatamente o que fazer e aí estar você, uma linda borboleta lilás com raios amarelos e brilhantes como o sol.

Depois de conter a emoção disse Ema: – Obrigada rainha por me salvar, a senhora me fez ter ainda mais certeza da minha missão, ser luz para iluminar os que estão na escuridão. Nesse momento haviam muitos bichinhos observando o que acontecia, certos de que Ema realmente seria a fiel guardiã do exército do bem e eles precisavam acreditar nesta nobre missão. E foi assim que Ema descobriu seu sentido de viver, haverá momentos em que suas asas se sentirão presas, por ela se sensibilizar com as dores do mundo e ela precisará ter coragem para se reconhecer até mesmo incapaz de ajudar, porém sem nunca perder a fé e a esperança naquele que tudo criou, Deus. E com este pensamento Ema bateu suas lindas asas e voou pela primeira vez.

FIM!

Patrícia Pereira S
Enviado por Patrícia Pereira S em 27/04/2020
Reeditado em 28/04/2020
Código do texto: T6930205
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