Ao som dos trovões, pus-me para fora de casa. Olhei o céu. Estava magnificamente lindo. Nuvens escuras como berílio, mescladas com nuvens alvas como lã. Fechei meus olhos, permiti a mim mesmo, sentir o vento sobre minha pele. Um som suave, como se o momento fosse eterno. Pensei na vida. Nas frustrações e nos momentos de regozijo.
Sozinho. Só queria isso, estar sozinho.
Pensei na morte, será que seria tão ruim assim? Talvez não. Imaginei como seria sentir meu corpo tomado por um frio inexplicável. Minha mente ficar suave e tranquila. Saber que dentro de alguns instantes, iria me encontrar com o mistério. Não um simples mistério, mas aquele que intriga cada ser humano. O que virá depois?
Senti a primeira gota repousar sobre meu rosto. Com os olhos ainda fechados, passei a mão e sequei-a. Entrei novamente para o conforto do interior da minha casa. Preparei um chá. Sentei-me numa poltrona, enquanto ouvia o telhado receber, com escândalo, a chuva que caía.
Sozinho em paz. Sozinho sempre.