A LIBERDADE QUE EU INVENTEI...
Ninguém imagina meu pensamento nesse exato momento. Pois eu direi: estou pensando no “ser livre”. Aqui nesse mesmo lugar há uns quarenta e poucos anos eu pensava em “ser livre”. Exatamente no lugar dessa cerca baixa tinha uma cerca bem mais alta, pois, era a cerca do curral.
E ali no lugar da gameleira tinha o imponente pé de tingui uma espécie de árvore típica do cerrado.
E eu? Era apenas uma menina- moça de treze ou quatorze anos — não lembro direito— que inventava de ser livre. Mas liberdade para mim naquele tempo — e até hoje, talvez — tinha um sentido diferente: era poder galopar no velho Alazão e buscar as vacas pelas várzeas lá perto do rio. O chapéu de palha enorme de meu pai, as botas largas também de meu pai, o vento batendo no rosto... Eu ainda não escrevia poesias, ela estava apenas no meu olhar. Mas, claro, eu também não sabia nada disso ainda. Mas hoje desconfio que a liberdade que criei naquele tempo era poética. Era a poesia dos sentidos de que falou o imortal Fernando Pessoa.
Bem, essa liberdade incluía as cercas do velho curral que hoje recordo aqui. Pois eu fui livre — essa liberdade que eu inventei — para equilibra-me em cima das cercas altas desse curral e outras coisas mais que nada tem a ver com as descobertas da sexualidade. Os braços abertos para o infinito, os passos certeiros nas estreitas tábuas cinzentas pelo espaço de uns 10 metros. Não, eu não queria provar nada. Queria apenas sentir essa tal liberdade que eu inventei no auge dessa adolescência. Nem medos eu tive na adolescência. Até hoje eu nunca quero provar necessariamente nada, embora em alguns momentos eu precise provar. Ter que provar alguma coisa me causa uma ansiedade terrível. Porque a sociedade obriga a gente a ficar provando as coisas? Não deveria ser assim.
Mas graças a Deus um dia eu fui livre, já tive passos certos, já vivi sem medos... Claro, existiam as convenções, sempre houve, e, naquele tempo a gente tinha que seguir mais que tudo. Mas eu tinha minha rebeldia, essa liberdade só minha que eu inventei e que ainda me segue clandestinamente até mesmo quando escrevo minhas poesias. Às vezes penso que a maturidade nos acorrenta, trás os medos, os passos mais trôpegos pelas estradas da vida... Não sei... Mas quando olho para dentro de mim percebo isso.
Então hoje senti saudades de mim, quando as luzes da ribalta eram simplesmente o topo daquela cerca alta! Aquela liberdade, tola — talvez— que inventei... É tão bom lembrar que um dia eu abri a porta de minha gaiola e voei um pouco perigosamente...
JUSTIFICANDO
Essas imagens eu cliquei na roça de meu pai onde estive desde domingo. Dias especiais que fiquei lá fazendo companhia para meu pai e meu irmão. Nos intervalos sai para rever velhos lugares e fotografar. Eu mesmo me fotografo, colocando o celular em algum lugar e clico com a palma da palma. Essas tecnologias que facilitam a vida da gente hoje . rsrs Essa última fotografia foi interessante. Sai rindo culpa de meu pai que chegou na porta e me chamou: — uai Sônia o que você está fazendo ai. Ri na verdade por causa do flagra de mim fazendo selfies kkk. Fiquei meio sem graça. Meu pai não sabia que eu estava recordando da liberdade que eu inventei. Kkk Depois vou postar mais histórias de minhas lembranças. Por hoje vai esta.
Sobre a palavra tingui que usei quem quiser saber clique aqui: http://wwwnaturezapura123.blogspot.com/2015/10/tinguitingui.html
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