A caminho do êxtase

Vamos dizer que foi o Dimas que contou essa. Mas bem que podia ser Eça, o de Queirós. E não confundir com o Queiroz, aquele que mesmo sumido, zela por nós.

O Dimas saiu com uma turma de companheiros a zanzar pelos matos, pegando frutinhas e carrapatos. E cada um contando suas proezas, seus desejos, suas certezas, seus despejos.

Uns sete ou oito que eram, amigos, companheiros, e mateiros. E de jumentude, bem cheios. Até que o Zequita, nos seus quase vinte anos contou uma das suas, superando-se com a musa dos seus sonhos. E foi mais que gráfico na pornoseação, numa eloquência de animar tesão.

E tá que a turma caminha, até que chegam a uma clareira para matar o cansaço e a fome com pão e rodelas de mortadela. Já caindo a tardinha.

Aí, ou ali, de repente deram pela falta do Toinzim, entre todos o menos palreiro e mais caladim. Chamaram, chamaram, e neca. Foram atrás, o que não é muito coisa de rapaz. Mas vá lá, e a busca se intensifou.

Até que de baixo duma frondosa cagaiteira, um tanto esconsa, que podia ser também esconderijo dalguma onça, ouvem a voz do pirralho, de olhos fechados, segurando nalgum galho,a caminho do êxtase manual, puetizando, solitário:

- Ah, menina do Zequita, abre as perna pra mim tamém que eu já tô quase chegano lá...!

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 24/07/2019
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