O Pecado e a Morte
Os ventos uivavam pela noite, as ruas estavam vazias e a lua tinha seu brilho ofuscado pelas nuvens. A escuridão envolvia as arvores, aterrorizava os fracos e comprometia todo o destino. Aquele garoto, inocente, incapaz e iludido não estava mais presente, dera lugar a um homem, capaz de enfrentar seus maiores pesadelos. Os ensinamentos e os conselhos foram bem-vindos. Ele estava parado olhando todo o caos que havia se formado, as novas responsabilidades lhe caíram mal em seus ombros franzinos. Ele estava lá à espera da Morte.
— Ora ora, quanto tempo que não te vejo garoto! — Exclamou a Morte deslizando em sua direção — Me parece que tu estás diferente, trajando esse casaco do melhor tecido e carregando novos sentimentos...
— Olá Morte, segui teus conselhos. Eu segui as suas recomendações. — disse o garoto olhando a lua — Mas agora carrego o pecado...
— Ah o pecado... — disse como se estivesse pensativa, sua foice de prata reluzia a luz da lua que o garoto ainda encarava — E que pecado é esse que tu carregas?
— Eu não sou mais uma pessoa boa, eu estou provocando a maldade. Os tantos laços destruídos, a falta de esperança, tudo que aconteceu foi tão ruim.
— Nada é tão ruim ao ponto que te faça se tornar uma pessoa má. A maldade existe no coração de todos, a dualidade existe em cada ser, é impossível qualquer um ser bom 100%. Não te iludas achando que todos possuem a bondade ou a maldade em controle, as situações que vocês, humanos, enfrentam não lhes permite controlar essa dualidade.
— Mas Morte, essa dor corroí o meu peito, meu coração está despedaçado...
— O pecado que tu carregas pode ser perdoado, mas somente se tu se perdoares primeiro. Nada é para sempre nesta vida, tudo segue o seu destino. É como o rio, ele segue teu curso e cumpre o seu propósito, chegar até o mar. Mas se a chuva é intermitente, este rio transborda e vai para lugares antes nunca acessados; após essa chuva, ele volta a seguir teu curso normal, entende ao que me refiro?
— Sim... entendo perfeitamente! — respondeu o garoto pensativo.