POESIA
O sol com cabelos de prata,
A lua com olhos de vento,
A chuva chora engrata,
E o pássaro de cimento.
E uma casa de tristeza,
como o vento de alegria,
doendo de amargura presa,
De pedras de cotovia.
O castelo de cristal,
como reis de aventura,
nas ruas de avental,
Batendo asas de metal.
As nuvens de ternura,
como ratos de nostalgia,
Numa estrada insegura,
Voando como porcaria.
E um automóvel chora,
Numa correria elegante,
Passa a noite agora,
Num céu inteligente.
Oiço a música do vento,
E o vento canta devagar,
Devagar eu estou isento,
De fazer as pessoas pensar.
Oiço os nervos do mar,
como charcos de tristeza,
Em rios do meu lindo pensar,
Como tapetes de vileza.
Tantas árvores de cimento,
E as luzes dos olhos a ver.
como princepes de vento,
Em Palácios de sofrer.
E um relógio acredita,
Na pomba da paz afinal,
Uma companhia aflita,
Nas horas do meu farnel.
E um pássaro de cetim,
Voa no céu d'amargura,
E a vida não gosta de mim,
Esta vida é uma censura.
Com as mãos da noite,
Grita o mar de mansinho,
Portanto o rio açoite,
Escrever este versinho.
LUÍS COSTA
21/12/2000