ÚLTIMAS QUADRAS DE UM BATE-PAPO COM O DIABO
“São assim” – o demônio afirma – “os olhos
de quem o outono tem na primavera...
Mas diz-me ainda mais, tolo mortal,
qual futuro acreditas que lhe espera?”
“Este homem de quem falas não terá
felicidade na sua vida futura...
Para o agônico mal de que padece
só vejo a solução da sepultura.”
Então o diabo, sem parar de rir,
a descarnada mão deitou-me no ombro,
e da boca a sentença desferiu,
que em mim causou um infeliz assombro...
“A razão estrutura-se em teu cérebro
como a lã, num caótico novelo...
Nenhum retrato tua mão sustenta:
a moldura que alças é um espelho!”