VOLÚPIA
Ah, se meus pobres versos traduzissem
toda a poesia que a tua boca inspira,
seguir-me-iam os homens, em rebanho,
tangidos pelo som da minha lira!
A tua boca (agradável armadilha)
prendeu meu ser no beijo desferido,
como num golpe a ratoeira apanha
o triste camundongo distraído.
Debatendo-me nela, ansiei ainda,
a paz da liberdade anterior.
Mas já liberto - meu desejo era
de retornar aos lábios do opressor.
Boca de beijos siderais e ardentes...
O meu corpo – teu hálito inebria!
Solto no ar, seu rastro sigo, em busca
da fonte do prazer e da alegria!
São loucos os estalos que, no beijo,
experimenta o corpo de quem ama...
Quando os teus lábios sobre os meus repousam
sabe Deus o que sinto! E com que chama!