PAETÊ E A ABELHA

Ao longo da manhã vagara a abelha

procurando uma flor mais atrativa,

e já – cansara, sem achar nenhuma

que lhe correspondesse a expectativa.

E quando quase lhe faltavam forças,

e quando estava quase pessimista,

uma janela abre-se a sua frente

e a flor que procurava – então avista.

Quanta alegria! Para o seu mergulho

reunira o inseto um resto de vigor...

E no ar, atrás de si, deixando um risco,

a abelha certa foi beijar a flor...

Depois bem farta, trepidando as asas,

voou de novo pr´amplidão do céu...

na glossa o prêmio da lembrança amada

de um doce lábio que supera o mel.

Feliz abelha, se eu pudesse um dia

meus lábios ter, onde pousaste os teus,

nunca mais nada me preocuparia:

seria um homem – me sentindo um deus!

Mas falta-me a ousadia que essa abelha

teve, ao cruzar o esquadro da janela,

por isso, Deus, é que te rogo, aflito:

- dai-me coragem ao estar com ela!

Alexandre Basso
Enviado por Alexandre Basso em 15/08/2014
Código do texto: T4923094
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