PAETÊ E A ABELHA
Ao longo da manhã vagara a abelha
procurando uma flor mais atrativa,
e já – cansara, sem achar nenhuma
que lhe correspondesse a expectativa.
E quando quase lhe faltavam forças,
e quando estava quase pessimista,
uma janela abre-se a sua frente
e a flor que procurava – então avista.
Quanta alegria! Para o seu mergulho
reunira o inseto um resto de vigor...
E no ar, atrás de si, deixando um risco,
a abelha certa foi beijar a flor...
Depois bem farta, trepidando as asas,
voou de novo pr´amplidão do céu...
na glossa o prêmio da lembrança amada
de um doce lábio que supera o mel.
Feliz abelha, se eu pudesse um dia
meus lábios ter, onde pousaste os teus,
nunca mais nada me preocuparia:
seria um homem – me sentindo um deus!
Mas falta-me a ousadia que essa abelha
teve, ao cruzar o esquadro da janela,
por isso, Deus, é que te rogo, aflito:
- dai-me coragem ao estar com ela!