CONSUMIÇÃO

Meus dias passo, divinal imagem,

contemplando os teus olhos da janela,

como um fiel devoto, ajoelhado,

a luminosidade de uma vela.

No azul do teu olhar minh´alma encontra

um céu inteiro para se gozar,

porém bem cedo - se ele em mim repousa,

já vai sem ter me convidado a entrar...

Mas estranho... vejo hoje que os teus olhos

parecem úmidos de amargo pranto...

quem roubou a cor viva de tua pele,

dando-te às faces alvadio manto?

Qual vento que, insensível, soprou forte,

a luz minando que te dava vida?

E quem fez com que as lágrimas caíssem

como ceras de vela derretida?

Ah, imagem que adoro, fosse o vento,

que o teu corpo circunda livremente,

não mataria a chama de teus olhos

e nem motivaria a dor plangente...

Seria como a brisa que os cabelos

sem pressa sopraria, lhes beijando...

como uma vaga preguiçosa de ar,

viveria em teus lábios suspirando...

Alexandre Basso
Enviado por Alexandre Basso em 08/08/2014
Código do texto: T4914176
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.