CORAÇÃO ADVERSO

Sádico, meu coração,

brinca de sofrer em mim,

seus únicos sonhos são

desejos de pôr-me fim.

Maltratado por alguém

em vingar-se se compraz,

tem a cura do desdém

não me dando à noite paz.

Ele sabe que o tormento

faz um pouso do homem só,

por isso seu pensamento

visita a mulher sem dó.

E se sente que se altera

pelo ritmo da batida,

seu poder ele reitera

relembrando a despedida.

Escravo na longa noite

padeço de um quase enfarto,

dá-me o peito, feito açoite,

na senzala do meu quarto.

Mas existe a solução

para o fim da minha dor:

ou me mata o coração

ou me esqueço desse amor.