Era uma vez...

Não sei o porquê, estórias ou histórias iniciadas dessa maneira me deixam melancólica. Talvez pelo fato de que percebi que tudo não passava de um fruto da minha imaginação.

Imaginem se eu encontraria, um dia, uma casinha tão pequenina que todos seus pertences, tão pequenos, fossem de casinha de boneca? O que tive, pra me enganarem, foi uma pequena cabaninha montada em meu quarto com o Pluto desenhado pelo lado de fora. Nem o cavaleiro branco ainda apareceu para me livrar das malvadas garras e injúrias dos homens que usam colarinho branco!

Certa vez... Também não ficaria bem pra um início. Me parece um final tão longínguo. Como meus alunos dizem: “Porque eu tenho que saber que em 1974 nasceu uma pobre garota cujo pai era alcoólatra e a mãe só chorava?” Mesmo que essa garota viria a ser sua professora de Língua Portuguesa ou Língua Inglesa e, como Freud explicava: “um complexo edipiano ou um passado mal resolvido poderia trazer conseqüências futuras”.

É, ninguém se importaria com isso mesmo, somente queriam saber o motivo de minhas licenças.

Me lembrei da primeira série do SÍTIO DO PICAPAU AMARELO, transmitida pela então ex-cultural REDE GLOBO. A personagem Narizinho dizia uma palavra mágica: PIRLIMPIMPIM. Pra mim foi mágica até algum tempo atrás. A última vez que cerrei meus punhos, fechei meus olhos e invoquei essa palavra, havia pedido para que meus pais parassem de brigar. Ilusão. Quando abri meus olhos estava envolta a um mar de explosões de xingamentos e um espaço de terror. Nunca mais essa palavra, por mim, foi pronunciada.

Ainda bem que inventaram o DVD ou Toca CD. Até meados de minha juventude ouvi minha mãe ouvir Roberto Carlos. Me perdoem os (as) fãs desse ex-jovem-guarda. Suas músicas que me fazem rir são intragáveis. Não descem nem com gelo e limão.

Tinha mais:

Celli Campello: - “Filme triste...”

Paulo Sérgio: - “Essa é a última canção...”

Vanusa: - “Nas manhãs de setembro....”

Eu tentava ouvir Titãs, Capital Inicial, Ira e abafar aqueles conjuntos de padrões inúteis de uma crença moral e ética antepassada. Só ouvia um grito: “Abaixa essa loucura.”

Depois que em minha casa surgiu o aparelho para CD e sumiu a tão usada vitrola, nunca mais tive o privilégio de ouvir a voz dela reclamando da cama, mesa e banho e nem um tal programa de rádio que um ser intrépido, em plena madrugada, falava em alto e bom som: “JOGA ÁGUA NELA” e cantava: “QUEM É QUE NÃO SOFRE POR ALGUÉM?”

Pois é. Minha mãe não sabe mudar de FM pra AM e ninguém nunca se importou em ensiná-la pra não ter que ouvir essas otites de idiotices.

Ganhei um violão. Acho que meu avô me deu um pra não ter que ouvir meu ruído de quebra cordas do dele.

Fui obrigada a aprender alguma coisa. Comprei um livrinho com as notas musicais que dizia ensinar. Consegui tocar “A time for us” e depois, como gostava da tal música, aprendi “I started a joke”. Acho que essas são as que doem menos nos ouvidos alheios.

Foi assim que, certa vez, surgiu em meu límpido e próspero intelecto ‘UMA MÚSICA BOLADA”.

Mas deixa pra próxima.

Lainecris
Enviado por Lainecris em 19/05/2008
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