Tormentos...

Começou a pensar.. Atormentou-se. Faz tempo que não pensava tanto pra ficar angustiada. Mas também, era fato.... Há muito tempo ele não era mais a pessoa certa. E nós tapando, cavucando buracos. Medo de ficar sozinha, argumentava a consciência. Medo de ouvir a voz que tanto gritava, veemente. Um medo enorme...

Deixou-se cair no sofá macio, com suas angústias e tormentos. Não era raiva, talvez pesar. Por ele ser assim, tão desinteressado de tudo. Afinal íamos casar!!Tínhamos sonhos!!! - Uma angústia inegável de sonhar sozinha...

Pensou nas tantas irrealizáveis coisas que sonharam juntos. E na incapacidade dele em mover uma palha pra realizarem “a” que fosse. Sempre a mesma desculpa: “ando meio sem tempo, meio sem grana, sabe como é, né?” Mas eu te amo...

E o eu te amo martelando... meio incrédulo do futuro casamento. Só se ela organizasse os eventos, o padre, o vestido, montasse a casa e, de quebra, alugasse a beca do noivo. E depois? A casa.... deles? Tudo medo de estar só?

Sim, amava; e amava muito. Mas se amava mais ainda e sabia que antes sofrer sozinha que ter uma vida fadada á infelicidade a dois.

Viu-se antes e depois dele. Agora, triste e cabisbaixa. “As noivas são felizes” – constatei. E vi que deveria mesmo estar feliz diante do dia mais feliz da minha vida. Longe, longe do dia mais feliz agora... Apesar de noiva.

Atormentou-se por sua covardia.. Eram infinitamente diferentes. Eram mulher, menino e sonhos. Eram um passado cada vez mais presente, apesar de juntos.

Ela, sempre há anos-luz daquele homem que só queria paz, aconchego e colo. Ela sem querer ser mãe de gente grande.. Conflitos. Deixou uma vela acesa pelo seu destino. Medo de gostar demais.. ou de menos. Medo de se enganar e sofrer denovo, mais ainda.

O tempo se esvaiu. Chegou o dia.. Ela diria sim?