Diálogo de uma garota com seu amigo imaginário.
Não chega muito perto.
Eu to armada e você pode se machucar seriamente.
Todos os sons cheiros e cores
explodem agora
dentro da minha cabeça
Tá tudo girando
E às vezes fica tudo preto.
Eu to grávida.
Sinto esse ser, vivo, crescendo dentro de mim.
É tão estranho.
Esse é meu último cigarro.
Vou parar por causa do bebê.
Quer fumar ele junto comigo?
Pode deixar, não vou fazer nada agora.
Já reparou em como as pessoas fazem barulho?
Elas falam alto,
vêem televisão em uma altura absurda
brigam, gritam, riem alto.
Não calam a boca.
Pois é, são insuportáveis.
Sabia que você iria concordar comigo.
Tava me lembrando do dia em que eu te conheci.
Você na janela do seu apartamento,
me viu bem na hora em que as minhas havaianas arrebentaram
no meio da rua.
Eu achei o máximo você vir correndo
atrás de mim com um chinelo.
Na hora eu pensei: caraca, eu vou casar com ele.
Naquela época eu sonhava em encontrar um príncipe encantado
pelas ruas da cidade.
Eu também não fumava e ainda era o orgulho da minha família.
Ai, Não quero mais falar sobre isso.
Eu sei que fui eu que comecei.
Mudei de idéia, ué
Me fala de você.
To com saudades das suas histórias loucas.
Aliás, tem muito tempo que você não toca nada pra mim.
Isso, isso!!
Toca uma música pra mim e pro meu bebê no seu violão.
Mas toca bem alto.
Eu só quero ouvir você.
Toca o mais alto que você puder.
Até eu dormir.
A garota fechou os olhos
e adormeceu acariciando sua barriga.
Mas é claro, não havia música alguma.