desconcerto
Eu quero levantar e aceitar o que mudou
e o que ficou aqui e o que se foi
olhar e ver o que recomeçou
Eu quero gritar o que passou e o que eu senti
o que eu sinto e nunca vai mudar
eu quero
eu sigo e sei que faço só por mim
tudo o que fica, e tudo o que se vai
é só que não quero repetir
não quero refazer coisas prontas
quero experimentar o que é novo
o irracional
eu não quero fazer o que é mudo
eu não quero fazer o que não tem cor
o translúcido
quero gritar com imagens cintilantes
no desajeitado das coisas
no descontínuo
no acabado
quero recuperar todas as coisas que se espalharam
e distribuí-las no chão ao meu modo
como quem desconhece a ordem
o centro
quero descansar sobre tudo
de tudo aquilo que tem peso
e que me prende nas minhas vontades
na periferia das horas
quero me despir
e escorrer água por toda a pele
pra nu
provar o que só sente pelos poros