DO QUASE PECADO (poesia de anjos)
... segurasse suas mãos, levasse-a quase pluma por um poema na quase madrugada do setembro recém-nascido em sublime adultério de anjos...
A sedução da alma! São demais os perigos desta vida...
... mas anjos não pecam, são puros. Até mesmo quando, distraídos, entornam desejo (a alma tem anseios).
Distraída, seria natural deixar-se levar pelas mãos. Um abraço mais envolvente, as mãos. Poesia por toda parte.
(A poesia sai pela boca, está dentro da boca, contida, a espera do milagre que a transforme).
Se, liberta de receios, abrisse em beijo a boca do poeta, consumado seria o pecado e a boca cuspiria no papel a poesia.
O desejo é o poema em estado de semente.
Idalina de Carvalho
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