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O AMOR NAVEGOU
O AMOR NAVEGOU
O amor saiu devagarzinho, sem nenhum alarde, bem de mansinho. Saiu à francesa sem se despedir, sem deixar um bilhete dizendo porque partiu ou, se voltaria mais tarde. Desconfio que, em sua bagagem, levou embora o peso da tristeza, e também não esqueceu para trás o embrulho da saudade.
Desse amor que um dia chegou sem aviso e não bateu na porta pedindo para entrar, apenas entrou, sentou e ficou, o que podia se esperar?
Ele nunca disse que estava de passagem, mas há muito tempo vinha dando sinais de que a qualquer momento poderia ser assim, dormir, acordar e ele não estaria mais ali.
Calmo como a brisa fresca da noite, ele se foi. Sem despedida, sem choro, sem feridas, ele apenas se cansou e assim para ir embora, não foi necessária uma explicação.
Eu até desconfio dos seus motivos de cansaço, pois fui testemunha dos seus prantos, quando alguma dor lhe partia em pedaços e quando a distância dos seus desejos lhe atormentava. Talvez nem seja isso, quem sabe um ciúme bem guardado?
Alguém me disse que, outro dia, ele estava de frente para o mar e comentou que pensava em navegar além do horizonte, para num novo porto se ancorar.
Agora, pensando bem, acho que ele navegou.