o corpo
Estava lá o corpo inerte estendido no asfalto
a perícia fotografava o fato
Em meio a flashes de cor prata
a multidão curiosa se aglomerava em volta
O rabecão retirava o corpo
Uma pá de cal era jogada no asfalto para apagar os vestígios de sangue
Passava eu ali em minha via cruxis a lamentar-me
Quando me deparei com tal paragem
Não tinha como ignorar aquela realidadeque se apresentava e o pavor que em mim aquela cena evocava
pensava: agora ele amanhã serei eu
Interrompi por um segundo meus lamentos e crises existenciais
Vislumbrei a morte que chega a qualquer momento
e que não diz ao que veio
arrancando-nos do tempo amiúde
De súbito nos carrega e o que nos resta é o ataúde
pensei nas recomendações dadas por um surrealista
que seu feretro fosse transportado num caminhão de mudança
e que dele não se falesse muito;
E que os poucos amigos quando soubessem da notícia não a publicassem em nenhum necrológico
nem lembrassem com desdém nem algazarra
nem mesmo rezassem a sua memória
e nem colocassem na lápide aqui jaz um homem
porque homem nem sequer chegou a ser
apenas um projeto inacabado de pessoa
um ser, um ente, que não se afeiçoa
aquele corpo inerte e enrijecido
me fez vir a memómoria todas essas ilações
e um sentimento sombrio e de pesar
pois quando morre um homem
é como se toda a humanidade morresse
Estava lá o corpo inerte estendido no asfalto
a perícia fotografava o fato
Em meio a flashes de cor prata
a multidão curiosa se aglomerava em volta
O rabecão retirava o corpo
Uma pá de cal era jogada no asfalto para apagar os vestígios de sangue
Passava eu ali em minha via cruxis a lamentar-me
Quando me deparei com tal paragem
Não tinha como ignorar aquela realidadeque se apresentava e o pavor que em mim aquela cena evocava
pensava: agora ele amanhã serei eu
Interrompi por um segundo meus lamentos e crises existenciais
Vislumbrei a morte que chega a qualquer momento
e que não diz ao que veio
arrancando-nos do tempo amiúde
De súbito nos carrega e o que nos resta é o ataúde
pensei nas recomendações dadas por um surrealista
que seu feretro fosse transportado num caminhão de mudança
e que dele não se falesse muito;
E que os poucos amigos quando soubessem da notícia não a publicassem em nenhum necrológico
nem lembrassem com desdém nem algazarra
nem mesmo rezassem a sua memória
e nem colocassem na lápide aqui jaz um homem
porque homem nem sequer chegou a ser
apenas um projeto inacabado de pessoa
um ser, um ente, que não se afeiçoa
aquele corpo inerte e enrijecido
me fez vir a memómoria todas essas ilações
e um sentimento sombrio e de pesar
pois quando morre um homem
é como se toda a humanidade morresse