Ode aos poemas
Oh Lágrimas, borboletas dolorosas
correndo milhões de léguas nesse rosto
que o pranto fez um gigante sensitivo.
Às vezes penso, para que tanta emoção
meu peito tão minúsculo destroçar,
de um passado cuja saudade alucina,
pondo-me nas águas torvas da imaginação?
Tanto quis um pouso,
oh Anjos, tangei sinos que me acordem
dessa neblina de amor, quero ainda um perfume
para me relembrar do sândalo
e das carnes gemendo paixão.
Nada almejo que não seja a melodia das chuvas,
daquelas que sorriem à qualquer solidão
e com seus enormes braços de afago
não me afoguem em flores sem jardim.
Oh Poemas, não me semeeis na nostalgia
que vos prefiro voltando ao livro e aos poetas,
esvaziando meu coração farto de emoção,
para lhe caberem os rios cantores vagabundos,
cheios de andorinhas chovendo pelas asas,
com riso no bico derramando uma papoula.