Epopéia do vilipêndio...
Bastou nossos olhares se cruzarem
Para que florescesse um grande amor
Nos jardins dos nossos corações.
Contudo, a insensível distância
e as consequentes ausências,
Minaram esse sentimento virtuoso,
Verdejante dentro de nós...
Tosco carpir, face às efêmeras
Impetuosidades juvenis.
Ainda me lembro do teu olhar sedutor,
Nada insonte...
De nada adiantou te presentear
Com um samburá de flores.
Hoje, bem sei que...
Beber a água da fonte da juventude
Foi o malogro da nossa vereda.
Aliás, veneno de sabor amargo,
Ressecando à flor virente.
Não esqueçamos que...
A água límpida da chuva,
Ao cair, muitas vezes,
Transmuda-se em lama fétida.
Colhemos no "horto morto" do amor desvairado
A flor vilipendiada da paixão.
Na verdade, uma flor de poucas pétalas
E milhares de espinhos...
Onde o gozo alheio,
Transformou-se no próprio martírio.
Não é nada fácil
Colher a flor cariciosa
Nos jardins da virtude...
Antes, precisamos caminhar
No imenso labirinto da humildade,
Onde o mais duro de se constatar...
É que muitos...
Sequer chegam à porta desse dédalo...
Preferem oferecer falsas orquídeas,
Camuflando reais perfídias...
Disfarce ideal e irreal das insídias!!!