Elegia a Um Pássaro

Ao romper do amanhecer ou na quietude da noite, na mesa - o altar da casa -, eu recitava um poema. Era para ti, mas já não estavas e minha voz embargava naquele silêncio rotineiro. No dia seguinte, da sacada da varanda, recitava o mesmo poema para os pássaros que no bater de asas respondiam com adoração. Expressavam-se através de sons meio extra-dimensionais. Era uma toada harmoniosa e diferenciada. Segundo os anciãos daquela aldeia quando alegramos os pássaros, os diurnos voltam aos nossos arvoredos deixando sementes de prosperidades e os noturnos visitam nossas almas em sonhos deixando uma pluma cinza afetuosa.

Eu tinha sempre um versejar ao meio-dia,

Eu tinha sempre um versejar à meia-noite.

Eu sempre tive...

07/09/2021

Corina Sátiro
Enviado por Corina Sátiro em 06/11/2024
Código do texto: T8191212
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