Prosador poético

 

Eles falaram que viriam o fogo em labaredas.

Queimaria tudo. Nem as cinzas restariam

Pois os ventos as levariam...

 

A essência abrigava-se encolhida dentro da alma.

As palavras abrigava-se nos fonemas

e no lirismo dos sussurros.

No sibilar das cobras.

Nas armadilhas evidentes do caminho.

 

 

Eles falaram que seria o apocalipse.

tudo conheceria o fim... definitivo, sem

direito a repaginação ou versões diversas.

As portas fechadas.

Os baús trancados.

Os silêncios impressos nas hóstias.

E, na crença flamejante das velas;

 

A solidão feneceria.

A imensidão seria anã.

E, o amor uma pétala ressecada de hortelã.

 

E, cada gesto poderia ser o último.

E, cada olhar poderia ser a despedida.

E cada afago poderia ser prêmio de consolação.

Velhos sentimentos, estampados em tiras coloridas.

Novos sentimentos, estampados em pedaços preto e branco.

 

 

Eu sentada aqui nesse horizonte,

balançando as pernas sobre o universo.

Passos errantes. Caminhos dúbios.

Estadias breves na prateleira dos sonhos.

E, no fim, tudo é passado.

E, é também presente em minhas lembranças afetivas.

Nos cantos indiscretos de mágoas e falhas.

 

Tudo que queremos é uma razão.

É um instante de insanidade.

De alegria pura e sem causa.

De felicidade solúvel feito café.

De silêncios cheio de significados.

De palavras ditas como se num ritual mágico.

E, faremos a passagem para o reino da

vontade e da verdade.

 

E, se a verdade não existir.

Não se preocupe.

A gente inventa.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 24/09/2024
Código do texto: T8159129
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