Prosador poético
Eles falaram que viriam o fogo em labaredas.
Queimaria tudo. Nem as cinzas restariam
Pois os ventos as levariam...
A essência abrigava-se encolhida dentro da alma.
As palavras abrigava-se nos fonemas
e no lirismo dos sussurros.
No sibilar das cobras.
Nas armadilhas evidentes do caminho.
Eles falaram que seria o apocalipse.
tudo conheceria o fim... definitivo, sem
direito a repaginação ou versões diversas.
As portas fechadas.
Os baús trancados.
Os silêncios impressos nas hóstias.
E, na crença flamejante das velas;
A solidão feneceria.
A imensidão seria anã.
E, o amor uma pétala ressecada de hortelã.
E, cada gesto poderia ser o último.
E, cada olhar poderia ser a despedida.
E cada afago poderia ser prêmio de consolação.
Velhos sentimentos, estampados em tiras coloridas.
Novos sentimentos, estampados em pedaços preto e branco.
Eu sentada aqui nesse horizonte,
balançando as pernas sobre o universo.
Passos errantes. Caminhos dúbios.
Estadias breves na prateleira dos sonhos.
E, no fim, tudo é passado.
E, é também presente em minhas lembranças afetivas.
Nos cantos indiscretos de mágoas e falhas.
Tudo que queremos é uma razão.
É um instante de insanidade.
De alegria pura e sem causa.
De felicidade solúvel feito café.
De silêncios cheio de significados.
De palavras ditas como se num ritual mágico.
E, faremos a passagem para o reino da
vontade e da verdade.
E, se a verdade não existir.
Não se preocupe.
A gente inventa.