FUTURO RESGATADO
PERCURSOS
Pelos prontos percursos percorridos
Percebemos pecados pelos pés
Pedi parcos plásticos por papéis
Por parafusos pautados, perdidos
Parafusei prefixos permitidos
Pensei prontamente prazos possíveis
Pelas piores pestes permissíveis
Pegando partes perpendiculares
Pisquei pedindo por porto Palmares
Pra podermos partir pros perecíveis.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 05 de agosto de 2024.
AUGUSTO ESTUDADO
Augusto dos Anjos é estudado
Nessa mais profunda literatura,
A poesia de farta cultura
Remonta sutilezas do passado.
O poeta tem sempre, nos marcado
Com seus poemas de sabedoria,
Cada persona vem da fantasia.
Augusto é todo ser intelecto
Que se ver no seu próprio retrospecto
Buscando compreender a magia.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 05 de agosto de 2024.
O MORIBUNDO
Cantas teus estribilhos complexados
E bebes na fonte dos beijos loucos,
Lacrimejas de tédios teus apelos
Como palavras desses homens roucos.
O gestual dito dos moribundos
É o mesmo plantado nesse crânio,
Não satisfeito és desnorteado
Pelas crateras que jaz epifânio.
Nas profundezas das mágoas latentes
Colhes visibilidades divinas
Que virão maltratar fracas retinas.
Solto nessa vida sem ter parentes
Tentas novamente poder colher
Incapaz de júbilo vais viver.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 05 de agosto de 2024.
NÃO QUERO ACREDITAR
Não quero acreditar nunca mais nos homens
porque Deus me disse em palavras
o que os homens me disseram em ações
Ações de não compromisso
falsas contradições do nada
maldições desconfiáveis
facas desmanteladas
Não quero nunca mais ouvir
a voz dos homens
até porque o próprio homem
falando para mim
disse que não confiasse nele
e sim apenas em Deus
Fui até Deus e perguntei
e ele me respondeu
em ações
em sonhos
em verdades...
Os homens são falhos
não por culpa de Deus
e sim, Deus é falho
por culpa do homem...
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 10 de maio de 2020.
SOFRENDO
Sofrendo por nada entender de sofrer
Perdi meus ermos anos nas cordas vocais
Percebi o tão quanto somos anormais
Em se tratando do verbo viver...
Viver é esta escápula sangrenta de ousadia
Gravada no inconsciente de uma cabeça
E assim o tempo sendo este, não me apareça
Sofra comigo as dores da minha alegria...
Alegrar é este caminho de tantas histórias
Contadas em versos de poucas derrotas
E que me venha todas as cotas
Sou defensor assíduo das minhas memórias.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 30 de julho de 2018.
Pesquise meu poeta, pesquise meus pensamentos vãs
Deixa que eu goze na abertura das cavidades
Ame cada encontro de cidade em cidade
Penetre sonhos em sonhos de cem verdades...
Cante a mentira e conte a incerteza na certeza
Beba o cálice de plumas embebidas no álcool
Pulverize a planta maléfica de desejos
Assuma cada gozo de incapacidades...
Oh, que poeta és meu caro poeta?
És acaso um pesquisador de desejos?
Não, talvez, quem sabe, múltiplo ser
Que ainda se perde nas perversidades...
Gozes tu na boca refeita de batom
E cospes fogo no umbigo da puta que te pariu
Olhes, gozes, vejas, colhes, tudo em ti...
Eu gozo na tua mais imperfeita das cavidades.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 27 de julho de 2018.
DECIMAIS
Tenta-se cada vez mais ser um Ser
Destes que carregam as ilusões,
E desta forma viver das paixões
Daquelas que nunca lhes dão prazer,
E quando sim, há rastros de sofrer.
Na tentativa de romper barreiras
Tantas vezes de lágrimas faceiras,
Porque ser tudo que nunca se pode
O Ser metamorfose do bicho bode
Não modifica sonhos de trincheiras.
O bode faz chacota com chifradas
E não dá espaço pra crescimento,
Ver naquele ser frágil movimento
Cessando quase todas caminhadas,
Nessas paixões, tantas desencontradas.
Seres por vezes mesclados sem vozes
Captam os famélicos albatrozes
Que lutam com insaciáveis brutos
Voando nesse pensar sem dá frutos
Na singular virtude dos algozes.
A carta dita de tantas escritas
Quem a detém é um sexagenário
Que se confessa fútil mercenário
Pelos sublimes galardões de fitas
Que são servis correspondências fritas.
Escrever requer a contemplação
Daqueles que fazem a construção
Dessas cartas que nunca foram lidas
E quando sim, já causaram partidas
Na visão dos que fazem obstrução.
Bento Júnior
João Pessoa-B, 05 de agosto de 2024.
VERSOS RETIDOS
Nos degraus sublimes dessa memória
Que surrupia meus versos retidos
Resgato todos sonhos consentidos
E faço voltar a convocatória
Pra não pensar naquela palmatória
Todos sentimentos desopilam
E sempre juntos eles inspiram
Recordo das temporadas ingratas
Viajantes das famosas fragatas
Que dentro da mente me conspiram.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de fevereiro de 2023.
ABRAM A PORTEIRA DESSE CURRAL
QUE NOSSA BOIADA JÁ VAI PASSAR
Prestem atenção nobre brasileiro
Do campo, cidade e das caatingas
Vão acabar com manguezais e restingas
Jogando na mesa tanto dinheiro
Pra este governo que é bom cordeiro
Bajulando para quem quer comprar
O mais importante é entregar
Tudo que for pro poder capital
Abram a porteira desse curral
Que a nossa boiada já vai passar.
Prestem atenção nobre brasileiro
Da zona urbana e de todo sertão
É tristeza de doer coração
Vendem nossa terra para o estrangeiro
Através de um ministro desordeiro
Que destrói por completo esse lugar
E o meio ambiente não vai aguentar
O governo, sinônimo de mal
Abram a porteira desse curral
Que a nossa boiada já vai passar.
Prestem atenção nobre brasileiro
Do brejo, agreste e nosso cariri
Floresta em chama vai logo sumir
Plantando o produto do forasteiro
Que tem o ministro como parceiro
Sertanejo nem consegue tocar
As canções de viola sobre o mar
Em defesa da vida e do animal
Abram a porteira desse curral
Que a nossa boiada já vai passar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 29 de setembro de 2020.
DOR DE COLUNA
A coluna danada me pegou
No trajeto da minha própria casa
Queria sair dessa dor que faz brasa
Porém, todo quintal presenciou
E comigo muito bem prestou
Nossos gemidos soltos e gritantes
E todo corpo nos males constantes
Minhas vértebras me derrubaram
Meus ossos poucos quase quebraram
No mais temível ser dos reclamantes.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 17 de novembro de 2021.
DECASSÍLABO PELA CIDADE
João Pessoa, que linda cidade
Porto do Capim, que belo lugar
Sou paraibano, Rio Sanhauá
Os velhos, crianças e a mocidade
Na Lagoa desfrutam a saudade
Cartão postal é de pura beleza
Morar aqui é de grande riqueza
Ir na Bica em qualquer ocasião
Que faz tanto bem ao coração
João Pessoa, a eterna natureza.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 16 de setembro de 2020.
EM DEFESA DO CORDEL BRASILEIRO
Em defesa do Cordel Brasileiro
Eu tenho levantado esta bandeira
É literatura e dei uma rasteira
Este bom cordel é o nosso herdeiro
Ele pode seguir no mundo inteiro
Viajando consegue até no céu
Dizem literatura de cordel
Nosso cordel já é literatura
Espetacular viés de cultura
Lido e cantado por um menestrel.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 31 de outubro de 2020.
RATEARAM NOSSOS DIREITOS
Até quando precisamos fingir
Que ter Mestre é a base da vida?
Camões, Augusto, Dante e Margarida
Até quando teremos que mentir?
Meliantes nos tiram o sorrir.
Até quando seremos maltratados?
Os governantes nos querem roubados.
Classe docente vive tempestade,
Os direitos são gritos de saudade
Daqueles benditos injustiçados.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de janeiro de 2022.
FAÇA QUESTÃO DE RESPONDER
Oh! Meu senhor, me diga por favor
Onde aquele dinheiro foi parar?
Nesta pergunta que não quer calar
O povo brasileiro já sacou
A dificuldade quando explicou
Por que essa raiva toda no seu rosto
Fazendo brincadeira de mal gosto?
E tem outra questão tão de repente
Se foi na poupança ou conta corrente
E se o dinheiro tem juro composto?
Se a sua resposta não nos foi dada
Bote aquele assessor pra responder
Porque todo povo aqui quer saber
E não venha com sua palhaçada
Porque não és pessoa respeitada
Aquele capital te tira o sono?
E a quantidade que foi para o trono?
Por favor, senhor, tens que se explicar
Não deixe essa população a esperar
Porque de todos tu és o patrono.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 26 de agosto de 2020.
SE VOCÊS PERGUNTAREM COMO ESTOU
NÃO TENHO PALAVRAS PRA RESPONDER
Já me fiz de entendido nesse mundo
Só pra ganhar confiança de mim
Passei por tanto tempo tão ruim
Porque adormeci num sonho profundo
Pois, quase me tornei um ser moribundo
Me prenderam pelo simples prazer
Roubando a inteligência do saber
E pra voltar a Ser tive pudor
Se vocês perguntarem como estou
Não tenho palavras pra responder.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de setembro de 2020.
ENTRE O RISO E QUALQUER MELANCOLIA
SOU EU E ELA NESSA GLORIOSA INVERNADA.
Só mesmo Deus sabe a dor que carrego
Nesse meu peito de trabalhador
Depois de uma labuta vem a dor
E ao eterno amor somente me entrego
A qualquer chamado nunca me nego
Mesmo com essa dor vivenciada
Jamais largo a mulher por mim amada
Eu vivo em constante dicotomia
Entre o riso e qualquer melancolia
Sou eu e ela nessa gloriosa invernada.
Só mesmo Deus sabe a dor que carrego
No meu lado físico e criador
Na cena da arte posso ser ator
E às maldades eu sempre renego
Sou madeira fácil de bater prego
Caindo cantares de uma passarada
Passando tangentes com a boiada
Puxei à minha santa avó Maria
Entre o riso e qualquer melancolia
Sou eu e ela nessa gloriosa invernada.
Só mesmo Deus sabe a dor que carrego
Nessa minha visão de condutor
Eu nunca consegui ser um cantor
Mas em todas palavras eu me emprego
E nem sou surdo e nem tampouco cego
Gosto de me ver assim bem criado
Como aquele bom pai tem ensinado
O som da harpa faz a grande magia
Entre o riso e qualquer melancolia
Sou eu e ela nessa gloriosa invernada.
Só mesmo Deus sabe a dor que carrego
No meu simples semblante professor
Trocando o giz por um apagador
No entanto, somente quero e sossego
Quando aqui esse amor eu digo que pego
O inverno se foi com a cachorrada
Porém, tentei ser da noite a calada
Que a vida noturna dar garantia
Entre o riso e qualquer melancolia
Sou eu e ela nessa gloriosa invernada.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 08 de agosto de 2008.
VIVO MASSACRADO POR CONDENADOS
SOU REBELDE SEM SABER REBELDIA
Cruzei sonhos daquele cidadão
Fiz caso daquela vida cretina
Botei farrapo na larga retina
Pisei forte sem precisar paixão
Liguei pro mundo sem ter condição
Dancei sorrindo, ninguém pretendia
Cantei chorando, ninguém nem sabia
Perto de mim moram os desgraçados
Vivo massacrado por condenados
Sou rebelde sem saber rebeldia.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de janeiro de 2022.
PEDRA SOBRE PEDRA, DILMA FALOU
NENHUMA DELA LIVRE FICARÁ
Presenciei aquele grande impedimento
Era Collor no Brasil, presidente
Tido por muitos, intransigente
Nas ruas teve tanto movimento
Com brilho na face do sentimento
O vice assume que é Itamar
E nova moeda faz circular
Sai a mulher, Temer ficou?
Pedra sobre pedra, Dilma falou
Nenhuma dela livre ficará.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 16 de agosto de 2020.
O ESTUDANTE BRASILEIRO
No dia do estudante vou lembrar
Com a minha profunda admiração
Naquele bom tempo que esta Nação
Sabia a nós todos valorizar
E dava gosto o sujeito estudar
No final do ano tinha formatura
Brilhava o olho daquela criatura
Onde o estudante era valorizado
Hoje vive desprivilegiado
Buscando retomar sua cultura.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 11 de agosto de 2020.
MEU PEITO
Sentindo meu peito um tanto cansado
Saio sem nada querer entender
Sempre sorrindo não quero sofrer
Sei o que o grande amor me tem enviado
Simplesmente tudo é contornado
Seria um caos em cada cabeça
Seja má e nunca se fortaleça
Sendo o amor aquele que nunca falha
Somente as dores é que me atrapalha
Vou somando e nada que me aconteça.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 16 de junho de 2020.
ENTREI NO RIO E QUASE ME MOLHEI
Entrei no rio e quase me molhei
Chamei pelo meu bem ela não vei
O que mesmo faço se sempre errei
Nessa agonia, também no aperrei?
Olha pra mim e diga que é sim
Não seja bruta, nunca seja rim
Te quero linda, somente pra mim
Muito mais ainda se olhar assim.
Todo mundo sabe que sou capaz
Se você não vem, tanta falta faz
Prefiro correr, sem ninguém atrás
Sou pior até que o teu capataz?
Seu olhar tá triste e sei bem o que é
É saudade de ter a minha fé
Que te faz valer como uma mulher
Ingrata que só pensa dar olé.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de agosto de 2020.
EU VOU ESCREVENDO COM A MINHA PENA
ESSES VERSOS QUE MUITO ME ANIMA
Eu sou filho de Bento e de Maria
Dos Carvalhos eu sou um dos descendentes
Somos os curtidores dos Repentes
Do bom Cordel e duma Cantoria
E assim eu vou seguindo a grande via
Nessa boa cultura nordestina
Eu percorri toda essa minha sina
No drama teatral que faz a cena
Eu vou escrevendo com a minha pena
Esses versos que muito me anima.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de setembro de 2020.
ALMA PENADA
Ah! Que fazes de mim alma penada
Das profundezas de todo pecado?
Eu sou simplesmente frágil recado
Deste que fala, mas não dá em nada
Quando reclama é mente parada
Carne de tantas vidas magras, frágeis.
Mudo se fico não vou pros amáveis
Alma penada de minhas entranhas.
Rasga meu ventre por onde tu banhas
Sou pecado dos olhos maleáveis.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 24 de dezembro de 2021.
O DIABO QUANDO NÃO VEM
MANDA OS SEUS AUXILIARES
Flordelis foi se curar com João
Bem na porta com o padre encontrou
Robson falante logo se apressou
Pediu à pastora a permissão
Ela afobada foi dizendo não
Aí João de Deus descontrolado
Olhando ao redor pra todo lado
Lançou a ideia de um trio criminoso
E teria que ser pecaminoso
Nisso o diabo tem lhes atentado.
Por onde chegou essa tal Flordelis
Que se parece com João de Deus?
Pois, enganaram todos filhos teus
Entrou na lista o padre da matriz
Metido em fato que não se condiz
Flordelis virou uma exímia pastora
No protestantismo é construtora
Junto com Robson fazem comunhão
Três cabeças malignas da paixão
Guiadas pela flor da sedutora.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 26 de agosto de 2020.
MINHA FÉ
Sei dizer que sinto fé
Quando percebo meu santo
Desconfiado, sem manto
Dando bule de café
E paquerando mulher
É assim que sou feliz
Bebendo no chafariz
Minha fé é ilusão
Trajada de perdição
Nos confins deste país.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de novembro de 2021.
SAGRADAS VEIAS
Dentro das sagradas veias sem sangue
Ditam seu ritmo no pique do pulso
E tudo que fazem é por impulso.
Assistindo filmes de bangue-bangue
Transfiguram num caçador do mangue.
Um réptil sem ter alma, sem ter pele
Gritando pro pássaro: - Atropele!
A carcaça de toda criatura
Se perde no tempo pela doçura
Porque todo sentimento repele.
Bento Júnior
Maragogi-AL, 28 de dezembro de 2021.
O PODER QUE TEM A TELEVISÃO
NO DESERVIÇO DO VERBO SERVIR
Se você me perguntar pra que eu sirvo
Nem saberei como te responder
Deixe que o povo possa enfim saber
E que responda isto enquanto ser vivo
Sendo livre, crítico e bem ativo
Ratinho falou da preservação
Nesse programa de baixo calão
Dizendo pra que serve o nosso Mico
E vendo isto claramente lhe explico
Serve essa tua comunicação?
Teu programa não traz informação
E desgasta o saber de quem entende
Ver se tu, sem lógica compreende
Mico-Leão Dourado tem razão
Salvando a floresta desta Nação
A minha mulher me fez inspirado
Pergunte pra que serve deputado
Com vereadores e senadores
Essa quantidade criando horrores
Rachando dinheiro do contratado.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 27 de setembro de 2020.
ESTE PENSAMENTO QUASE NÃO SINTO
FICANDO OU SAINDO SE VIVE INDECISO
Entre o não e o sempre, fiquemos no centro
Entre o sempre e o não, fiquemos no meio
Essa dualidade dá receio.
Se estás fora, já te encontras por dentro
E sendo micro seria epicentro,
Duas vertentes matando o juízo,
E nada chega quando é preciso.
Todo caminho vai pro labirinto,
Este pensamento quase não sinto,
Ficando ou saindo se vive indeciso.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 01 de novembro de 2020.
2020 – 2021
Dois anos de trapos estragativos
Espinhos com fiascos estragados
Sucumbiram os projetos traçados
Com forças ocultas dos negativos
No país de governos inativos
Que fizeram brotar esquecimento
Negando da terra seu movimento
O que faremos nesta rotação
Com os vermes por toda translação
Em dois anos hostis de sofrimento?
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 23 de dezembro de 2021.
NUMA PONTA DESSE LÁPIS GRAFITE
TEM TANTA POESIA A SER CRIADA
Este meu pensamento já vagueia
Procurando folhas nesse caderno
Eu me encontro aqui com meu velho terno
Pensando nela por nome sereia
Buscando inspiração que vem na veia
Porque assumo os bons versos desta estrada
Tão cheia de poeira e de passarada
Que causa transtorno à minha artrite
Numa ponta desse lápis grafite
Tem tanta poesia a ser criada.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 04 de março de 2019.
UBER SEGUE
Usem celulares se for preciso
Para vocês serem bem atendidos
Motoristas lhe deixam protegidos
UBER segue, não vai ser indeciso
Nesses buracos ou caminho liso
O passageiro é tão bem tratado
Seu trajeto todo será traçado
Este meio de transporte chegou
Toda distância logo transformou
Pro bem do mundo capitalizado.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de dezembro de 2021.
MOMENTO CAPITAL
Neste momento de capitalismo
Motoristas antes desempregados
Sugam sangue dos capitalizados
Saem da beira do vil ostracismo
Fazendo bastante malabarismo
Dos que precisam dos Aplicativos
Destes capitais significativos
UBER passeando pelas cidades
Facilitando pras localidades
Daqueles que curtem aperitivos.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de dezembro de 2021.
UBER GERANDO DINHEIRO
Onde nós Seres Humanos vivemos
Com tantas maldições que precisamos?
Surgem Aplicativos que criamos
Lá na frente de nada saberemos.
É o mundo sob a ótica progresso
Muitas vezes é um retrocesso.
UBER faz gerar dinheiro pro rico
Pobres vão dizendo: - “Mais pobre fico”
Mas, pegar um UBER sempre te peço!
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 19 de dezembro de 2021.
PASMEM MEUS OLHOS
Pasmem meus olhos de tanta tristeza
Ouvindo crianças me suplicarem
Vejo toques do coração mudarem
No seu ritmo de constante frieza
Viver é uma profunda riqueza
Jovens sofrendo sem ter nenhum teto
Ruas contemplam frágil alfabeto
Famílias despejadas não tem festa
E minha reflexão triste contesta
É o suplício no caminho reto.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 22 de dezembro de 2021.
IMAGINO ATÉ QUE NÃO SOU TEU IRMÃO
JOGANDO INDECÊNCIAS NO CARNAVAL
Antes que me arrependa do que fiz
Beije o silêncio de ternura e paz
Cante minha moda de anos atrás
Diga ao mundo que tu és feliz
Espere o povo que é aprendiz
Faça do arrependimento o postal
Gaste a saliva que tanto faz mal
Hoje eu te imploro pelo teu perdão
Imagino até que não sou teu irmão
Jogando indecências no carnaval.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de novembro de 2020.
MEU JUÍZO
Pra descansar meu juízo, sofri
Como sofre todos seres mortais
Quando fui buscar em mim a paz
Eu não olhei o tempo e somente corri
Correndo minhas pernas não senti
Meu juízo faz birra pra parar
E quase implorei querendo deixar
Meu olhar cansado não quis nem saber
E a memória fez tudo escurecer
Não vou mais meu juízo descansar.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de novembro de 2020.
DESABAFANDO AO IRMÃO
Pra falar de família não me proponho
No lugar de qualquer um me coloco
E nas coisas da vida sempre toco
Me passa na cabeça um grande sonho
Tantas vezes sou calado e tristonho
O meu pai e minha mãe já fizeram
E os filhos com eles o que deram
Nem sossego que é bom não chegou
No lar falta paz, também falta amor
Eu e meu irmão falando eles se alteram.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 12 de novembro de 2020.
OS SERES SE VÃO
Jamais passou pela minha cabeça
Coisas que meus olhos presenciam
Um morrer dos que não mereciam
Vidas num flamejar desapareça
Rezamos para um bem que se aconteça
Seguimos a estrada da expectativa
Mas vamos cessando na hora cativa
Perdi ente queridos em desalinho
Feito rosas floridas que dão espinho
Os seres vão na ação quantitativa.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 18 de novembro de 2020.
PRECONCEITO NÃO PODES TER
Preconceito maltrata a vida humana
E faz o mundo ficar na pobreza
No espírito maligno da incerteza
Feito a espreita de cobra caninana
Daquela que te faz ver a caitana
E quando se morre o inferno se ver
O céu tão distante não dá prazer
Soluçando na discórdia da vida
Não haverá o perdão nem a guarida
O preconceito jamais podes ter.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 21 de novembro de 2020.
DETRATORES DA PÁTRIA BRASILEIRA
No Brasil não vimos o que estou vendo
Lista do Ministro da Economia
Nas redes sociais acusaria
Jornalistas que estavam debatendo
As situações que estão acontecendo
Fazem parte duma planilha Excel
Voltamos para grade de um quartel
O governo não tendo o que fazer
Persegue a imprensa sem nunca saber
Gastando a grana num triste painel.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de dezembro de 2020.
NESTE BRASIL
Neste Brasil professores distintos
Asseguram o que é de direito
Gestores daqui vivem do proveito
Usando na carne dos seus instintos
Ganhando saborosos vinhos tintos
Desviaram grana com maestria
Rateio do FUNDEB é nostalgia
O democrático nada me diz
Impossível aqui ficar feliz
Com governos em plena letargia.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de janeiro de 2022.
AO BAIRRO DO CASTELO BRANCO
Criança
Tu que fazes parte de um mundo
E neste mundo vives...
Plantes a semente de um terreno
Que se chamará fértil. Ele te dará
O alimento...
Oh, criança que ainda brinca,
Brinques com os brinquedos
Que as mãos do passado fizeram.
Andas por este terreno que te viu crescer
E crescendo ainda continuas criança.
É que ser criança no terreno que ama a gente
Dá vontade de amar cada vez mais o lugar
Que nos viu colher sabedoria.
Ama o teu terreno. Ama teu bairro.
Ama teu lugar. Ama o teu Castelo.
Não um castelo de reis e rainhas, mas
Um castelo de gente que pensa, sonha
E planta num terreno que sempre é fértil.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 25 de julho de 2018.
RECEIOS
Seara de longitude aguçada de receios
Entre os nervos e a pele amordaçada,
Somam-se às estruturas de um olhar
Que observa atentamente o ontem...
É que o passado tão presente
Aponta um futuro tão distante,
Nós todos somos cúmplices
No cumprimento de atos...
Por aqui passou um que já se foi
Diante de tantas incertezas.
O homem come o que tem
E se nada existe, come o cumprimento...
Cumpre-se uma etapa, de receios vivida.
Só há uma estrada no caminho do ontem.
Pasmem os que por ela passaram
Porque há dureza, espinho e luta.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 06 de junho de 2018.
Meus nervos, meus percursos, meus vícios...
Continuam comigo, comigo entre eu e o mundo...
Viver e prestar exame, em exames laboratoriais
E em exames físicos, hormonais, estruturais...
Circunstanciado eu perambulo as ruas da minha memória
Sem ao menos conceber o imprevisto das previsões.
Um suor de fim de tarde rodopia meu silêncio
E sem querer os entraves, recebo... Eu penso.
Pensando em situações vãs
Eu prossigo no tempo com carnes trêmulas.
Tremo a pele de todo arquétipo pessoal
E meus nervos são nervosos por natureza.
Legitimando meu espaço nesta caminhada
Pergunto a mim mesmo qual a resposta do nada?
Decido então correr das respostas, só assim, então
Gasto meu tempo circunstanciando meus sentidos.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 03 de junho de 2018.
No comboio de rodas trilhando incertezas de progresso
Segue nos percalços da política os nobres caminhoneiros.
Eles são muitos, mas de tantos juntos somam
Restam poucos na espera efêmera dos politiqueiros.
O povo de cá pensando nos que andam por lá
Sofre por nada entender de movimento de estrada.
A classe política da negociata pensou no povo de cá
E baixou medidas que não mudaram em nada.
Paga o preço todos num só corpo de pensamento,
Porque há contaminação nos gabinetes do poder
E o óleo diesel é o ator principal deste momento.
Caminhoneiros, oh caminhoneiros do vento
Que assumiram com zéfiro este acontecer
Nos dissabores de trilhas ao relento.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 02 de junho de 2018.
Corro depressa e correndo estaciono o pensamento
Paro rapidamente e parando acelero meu cérebro
Corro, paro, tão depressa me encontro sem pensamento
Tão sem graça procuro algo de novo ao cérebro...
O juízo da gente é bicho esquisito
Mexe com nossa temperatura
Destempera nossa mente
E nos faz referenciar a loucura...
Sou folha cansada que não sabe voar
Sou pássaro ferido que não sabe cantar
Sou canto de gente que não sabe sentar
Sou banco de gente que não sabe depositar...
Nas caladas da noite eu sou fêmea em cio
Que busca sua metade na metade de tantos
Por nada encontrar desconhece seu viver vil
É que a noite dos loucos às vezes nos faz santos.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 04 de abril de 2018.
MAIS DE QUARENTA
No rápido intervalo e tempo
O tempo pede silêncio. Silencio.
O tempo tão rápido passa
E quarenta mais sete acompanha
O cortejo de tantos anos de sonhos
E esperas. É vida pós vida na vida
De outros que sonham. São mais de quarenta
Anos de vida que tanto me assanha
A ser cada vez mais eu. Sou eu
Que carrego estes anos nas costas.
Sou eu que tanto apanha
Na aprendizagem cotidiana
Do aprender pelo prazer
E do prazer de ser do caju a castanha.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 28 de fevereiro de 2008
E assim...
Assim se deu a tristeza de fato
Entre o dia e a data...
Meu amigo de tantas datas
Foi pego cangando no mato.
A barriga dolorida, sofria
E entre o sofrimento e a dor
O dia era de tristeza...
E assim...
O homem saiu triste, porque
A dor ia cada vez mais aumentando.
O mato lambuzado de incertezas fecais
Sentia saudade do que havia passado.
Era fim...
Caminhava o homem podre
De tantas fezes no ventre
morria.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 07 de abril de 2018.
FINALIZANDO A NOITE
Já é tarde, já é noite, já é sono
uma visão estranha me fala
eu continuo escrevendo...
--- escrevo por entre linhas
e não retomo meu pensar
já é noite, já é sono...
Canto intimamente sem fala
e me calo, já é tarde...
É noite, um silêncio
daqueles que não se ouvem
zumbidos de muriçocas
importunos de mosquitos
e chamegos nos ouvidos.
É tarde, vou dormir
meu sonho será uma tecla
de um computador
a quebrar o silêncio dessa noite.
Bento Júnior
João Pessoa-PB, 05 de agosto de 2024.