TU...
Tu eras casa.
Quando me envolveste no teu abraço, conheci as paredes que me tinham faltado e, quando me amparaste no teu colo, o chão que nunca tinha tido.
O teu olhar foi amor que me sorriu de volta, numa tela de projecções que vimos, revimos e imaginámos, que o amor é todos os tempos e também nenhum.
No teu pulso, não havia relógio, porque não se conta a eternidade. E, mesmo assim, tu tiveste de ir. Foste tão depressa como se estivesses atrasado para um compromisso que não tinhas, enquanto desistias do nosso.
Com a mesma intensidade com que vieste mostrar-me que havia um coração onde o meu podia morar, desabrigaste-o. E ele ficou sem-abrigo de tudo, porque sem-abrigo de ti.
Perdoa-me por não te ter deixado ir, quando foste. É que eu não acreditei que tinhas ido, porque todos os teus poros me tinham jurado ficar. Ainda sinto a minha pele arrepiada do frio que foi
ter ficado despido da tua.
Tenho saudades dela.
Tenho saudades tuas.
Tenho saudades de casa
23/07/2024