Ruas de mim
Existem ruas do meu coração que ainda não foram inauguradas... ruas estreitas, silentes, intransitáveis... onde meu estado de presença é exalado pelos ares, a procura de qualquer transeunte, quiçá um sobrevivente, que outrora ficara esquecido por lá... e possa interligar-me ao mundo aparente do momento presente- tão distante e desconexo do meu eu solitário, saudosista e sonhador- em busca de resquícios dos meus muitos eus... que se perderam nas tramas do tempo, intimidados pelas situações e aleatoriedades... escondidos no mais profundo do meu ser; talvez eu tenha que aprender a ser nova(mente)... mas diante de tantos passos ao longo da minha jornada, por vezes enfadada, será que ainda me lembro como eu era antes?... será que essa versão arcaica se situaria no agora?... estamos distantes por muitas e muitas auroras... sequências de crepúsculos nos separaram... inevitavelmente... só resta eu e minhas divagações, dentro da única realidade: o hoje. O ontem se foi sem se despedir, e eu fiquei bem aqui... o amanhã ainda não existe, depende de mim nesse exato lugar. O que me resta é incorporar o que tenho por ora: o presente; para que minhas lembranças remotas não me leve à lugar algum... somente às lamúrias do que se foi e jamais voltará... e dessa vez, correndo o risco de nem estar lá.