Vazio

Eu queria muito despejar o que anda me envenenando e me enchendo de fel, mas não consigo.

É como uma imensa vontade de vomitar que encontra um estômago vazio e só provoca tosse e dor.

É assim que me sinto ... vazio ...andando sobre um tênue fio .. desafio ... calafrio ... arrepio.

Parece que estou diante de uma encruzilhada e não importa que decisão tome, ela se mostrará errada.

Meus alicerces estão ruindo, minhas certezas estão caindo, minhas verdades fugindo e eu ..sumindo...

Não posso refazer antigas decisões nem fugir de suas maldições, preciso romper seus grilhões e enfrentar suas monções.

Eu preciso andar nu no deserto, enfrentar as tempestades e raios de peito aberto, resgatar o que resta de mim no que há de mais profundo e ressurgir como um novo neófito em um novo mundo.

Preciso viver por um triz, aceitar cada cicatriz e sorrir, mesmo que esteja sofrendo enquanto costuro à pele, um novo e tosco remendo.

Preciso olhar além dos espelhos, desdobrar meus joelhos e buscar um vislumbre de esperança, mesmo que o roube de um inocente olhar de uma criança.

Talvez nunca possa me perdoar, mas preciso aprender a me aceitar, retomar a minha lida e regressar ao que chamam de vida.

Se um dia, eu achar que posso voltar a amar e ser merecedor do seu amor, a primavera gerará uma inédita flor, em forma, odor e cor e está nascerá no seu jardim, seja onde for.

Se acontecerá ? Isso só o tempo dirá ...

Leonardo Andrade