Confissões.


Confesso que quando senti a poesia aproximar-se, minha alma quis fugir.
Exortar-se do corpo. Sair a procura de outro lugar para abrigar-se.
Enfim, esquecer-se da rima. Do lirismo desenfreado.

Da loucura frugal dos dias ruins.

 

Confesso quando vi todo aquele céu alojando tantas estrelas. 
Havia um silêncio intrínseco, a soprar pelos ventos.
A rugir entre furacões e tempestades.

 

Confesso que quando senti tudo passar num túnel do tempo.
E no reino encantado das reticências o infinito é um tapete
Onde tropeçam as vaidades. As etiquetas absurdas.
Os rituais inúteis. A civilidade exacerbada.

Confesso, no fundo, tudo era passageiro.
Transitório e transigente.

E, o último suspiro imprimiu o folhear de uma página.

Todas as palavras foram escritas.

Os significados vagam no deserto.

E, a poesia é um oásis secreto.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 21/05/2024
Código do texto: T8067961
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