Sex on fire
O motivo que a trouxe não mais a alimenta, as meias mentiras já se encontram anêmicas, as máscaras pálidas. Não tenho mais promessas a cumprir, todas já foram quebradas. Não tenho mais cérebro para segurar essa barra, não tenho mais costas para aguentar a levantar o mundo corrosivo que, costurado numa bola de chumbo, finge ser de isopor. Digamos que não se trata de confissão, mas de necessidade. Estou apodrecendo por dentro. Estou secando como uma árvore no deserto. A pobre garota burra quer abaixar as cortinas, sair de cena.
A projetada relação acabou criando vários abalos sísmicos, sem base sólida. E tudo balançava a qualquer ruído. Os fantasmas mais perigosos são aqueles que se alimentam com nossos passados, pois sabem pôr o dedo na ferida, em seu ápice. Faz-nos temer diante sua existência. Não há reino que resista.
E lá do outro lado, ela se mantém deitada, viajando em seu mundo, acariciada por sua erva. Seus lábios vermelhos, salivantes, brincando com os dedos... Enquanto eu pego fogo. Queimo. Morro.