SAUDADE DO MAR
Por quase dois anos vivi perto do mar. Em João Pessoa, na Paraíba. Para alguém do interior do Brasil é como uma epopeia. Estar ali causava em mim sensação de pertencimento. De comunhão com algo grande, que não sei dar nome. Sei sentir e isso parece ser suficiente. Hoje acordei com saudade de ouvir os sons do mar. De estar ali lendo o infinito na imensidão. Transitar na fronteira entre o continente e o oceano é algo que parece conceder sentido cósmico à minha existência. Sou um tipo de homem que se sente em casa nas bordas do planeta. Por algum momento cultivo a ilusão de tatear dois mundos ao mesmo tempo.